Se o aborto falhou, então temos aquilo que se chama de gravidez contínua. Trata-se de uma gestação que continua a desenvolver-se mesmo após o uso do Misoprostol (Cytotec – 200mcg).
Neste caso, o aborto falhou completamente e a mulher continua grávida. Em muitos casos mesmo que ocorra um sangramento, ainda é possível ter uma gravidez contínua.
Deverás fazer fazer uma ecografia cerca de sete dias depois de ter tomado o Misoprostol, ou fazer um teste de gravidez três semanas depois para confirmar se a tua gravidez efetivamente terminou.
O facto de sangrar não significa que tenhas tido um aborto bem sucedido.
Se ainda tiveres sintomas de gravidez como seios doloridos ou náuseas, existe a possibilidade de que seja uma gravidez contínua, o que significa que o aborto não foi bem sucedido. Não obstante, os níveis hormonais demoram até quatro semanas até voltar ao normal e, até lá, é possível sentir os sintomas da gestação mesmo tendo tido sucesso no aborto.
Ter um sangramento com pouco fluxo não significa que o aborto tenha falhado..
É possível ter um aborto bem sucedido e cujo sangramento tenha sido foi muito reduzido. Cada mulher tem um organismo diferente e é normal que existam variações de mulher para mulher. Normalmente em gestações mais curtas, como até às quatro semanas, o fluxo do sangramento é bastante reduzido. Assim sendo, é impossível avaliar o sucesso ou o fracasso do aborto através do volume do sangramento.
Uma vez feito o procedimento de aborto com Misoprostol (Cytotec – 200mcg) apenas poderás saber se o aborto falhou ou se foi bem sucedido através de uma ecografia por volta dos sete dias após o uso dos medicamentos ou fazendo um teste de gravidez três semanas depois.
Podes optar por não fazer nem a ecografia nem o teste de gravidez, mas poderás vir a ser surpreendida com uma gravidez contínua e, se a gestação estiver muito avançada, não será possível repetires o teu aborto químico/farmacológico.
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Durante um aborto irás verificar que existe sangramento e saída de coágulos. Como já mencionamos numa secção anterior, o produto da fecundação é extremamente minúsculo e poderá não ser visível. Que queremos dizer com isto? Que é muito raro que a mulher consiga saber com certeza que o aborto se concretizou a 100% visto ser difícil distinguir o saco embrionário dos restantes coágulos.
Uma das complicações após um aborto é precisamente a sua falha. Isto acontece quando o método não funciona e a gravidez continua a desenvolver-se.
Mas eu sangrei durante o procedimento…
Vejamos, o Cytotec provoca sangramento, mas isto não indica necessariamente que o aborto se deu. A quantidade também acaba por não ser um fator decisivo: sangrar muito não significa que o conteúdo gestacional tenha sido expulso. Da mesma forma, um sangramento pouco abundante não significa que o aborto tenha falhado, até porque em gestações curtas, por exemplo, até às 4 semanas, verifica-se que o sangramento é menos intenso quando comparado a gestações mais longas.
Todos os corpos são diferentes, todos os organismos reagem à sua maneira e é algo que não podemos alterar. Podes perguntar a quem tenha tido abortos com comprimidos qual foi a sua experiência: todas dir-te-ão coisas diferentes.
Senti que expulsava algo mais consistente e acho que é o embrião…
Podes ter sentido uma massa densa mais consistente acompanhada, até, por um pico de dor que poderá ser indicativo de que o conteúdo gestacional foi efetivamente expelido. É comum que o pico de intensidade da dor se sinta no momento da expulsão da gestação graças ao maior esforço que o músculo faz aquando da sua contração para forçar a saída do saco gestacional/feto[1], no entanto não deverás basear-te nisto para saber se o aborto foi bem-sucedido ou não. Esta massa que sentiste pode não ter sido nada mais que um coágulo de maiores dimensões. Já a dor poderá ser apenas sinal dos efeitos do Misoprostol.
Mas, se é impossível avaliar o sucesso do aborto através do sangramento e a sensação de ter expulsado o conteúdo não é decisivo, então como faço para saber se foi bem-sucedido?
Ao longo do website reforçamos a importância da realização de uma ecografia após a terminação da gravidez, aqui não será exceção: para descobrires se o teu aborto ficou completo, terás de realizar uma ecografia.
Se optares por não fazer este exame, tens sempre a opção de realizar um teste de gravidez (de urina) que podes adquirir numa farmácia, ou um teste de sangue (que tem de ser realizado num laboratório de análises clínicas). A questão é que para este tipo de exames, é essencial que deixes passar aproximadamente 3-4 semanas após a indução do aborto. A razão: ainda terás as hormonas da gravidez no teu organismo e o tempo que tens de esperar é o mesmo que o corpo precisa para que estas estabilizem e voltem ao normal.
Desvantagens destes métodos:
- Se o aborto foi bem-sucedido e decidires fazer algum destes exames antes do tempo indicado, corres o risco de que possam acusar um falso positivo, visto que a hormona b-hCG pode ainda encontrar-se no organismo. Isto pode levar à realização de uma segunda interrupção da gravidez completamente sem necessidade alguma;
- Se o aborto não ficou completo e se decidires avançar para algum destes exames, tem a noção de que podes estar a gastar imenso tempo. Se estiveres próxima das 12 semanas e ainda tiveres de esperar 3-4 semanas, ao descobrir, poderá já ser tarde de mais para avançar para um novo aborto.
- Nem sempre o declínio da hormona b-hCG indica o fim da gravidez (Silva, 2017)[2].
Já a ecografia mostra os produtos da gravidez e é o método mais adequado para confirmar se o processo ficou concluído com sucesso, mas terá de ser realizada mais ou menos 7 dias após o aborto com comprimidos.
Desta forma, saber se um aborto falhou passa por realizar, preferencialmente, uma ecografia.
Recomendamos que leias com atenção as seguintes secções. Aqui aprofundarás o tema:
Como saber se o meu aborto foi bem-sucedido?
Documentos para download:
Referências:
[1] Medical management of miscarriage. NHS Foundation Trust, 2016. Disponível em: https://www.guysandstthomas.nhs.uk/resources/patient-information/gynaecology/medical-management-of-miscarriage.pdf
[2] Silva AC. Abordagem terapêutica da gravidez não evolutiva no 1º Trimestre. Universidade do Porto,2017. Disponível em: https://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/108964
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