Existem algumas discussões sobre a necessidade de fazer ou não uma ecografia depois do aborto com Cytotec / Misoprostol.
Por um lado, alguns grupos defendem que se não existirem sintomas de alguma complicação, então não será necessário fazer uma ecografia depois de um aborto químico.
Já outros grupos defendem a realização de uma ecografia depois do aborto.
Faz sempre uma ecografia depois de um aborto químico. Esta deverá ser feita aproximadamente sete dias depois de ter tomado os medicamentos para poder confirmar o mais cedo possível se a gravidez foi interrompida.
Nós defendemos a realização de uma ecografia depois do aborto independentemente do facto de apresentares ou não sintomas de complicações. Aqui encontrarás os motivos:
1 – Muitas mulheres conseguem sentir se o aborto foi efetivamente bem sucedido. Porém, trata-se apenas de uma sensação ou de uma impressão. Se estiveres errada, quanto mais cedo o descobrires, melhor, porque assim será possível repetir o procedimento. A ecografia ajudar-te-á a ter a certeza.
2 – Muitas vezes o aborto foi bem sucedido e o embrião já não se desenvolve mais, no entanto é possível que possam ficar resquícios da gestação no útero. Estes são geralmente expelidos de forma natural até a seguinte menstruação, só que em alguns casos isto não acontece , podendo dar origem a dois graves problemas:
– Hemorragias (mais comum)
– Infecções (menos comum)
Ao fazer uma ecografia irás ter a certeza se o aborto foi bem sucedido ou não e se chegaram a ficar restos da gestação. O facto de saberes que ainda permanecem restos no útero obrigar-te-á a ficar mais atenta aos sintomas de qualquer tipo de problema, factor essencial para a tua saúde.
Vale a pena observar que:
Se não apresentares nenhum sinal de complicação como dores fortes de barriga, febre, sangramento excessivo ou corrimento vaginal anormal (com odor desagradável), não haverá necessidade de realizar nenhuma intervenção cirúrgica como a curetagem, mesmo que seja sugerido pelo médico.
O aborto químico é em todos os aspetos semelhante a um aborto espontâneo, visto tratar-se de um processo que ocorre ao longo do tempo, e assim sendo, o teu corpo pode precisar de várias semanas até expelir do útero todos os tecidos e produtos da gravidez. Isto é algo NORMAL, não te preocupes.
AMPLIA OS TEUS CONHECIMENTOS
Las imágenes por ultrasonido es un examen médico no invasivo que ayuda a los médicos a diagnosticar y tratar condiciones médicas.
Radiological Society of North America, 2018[1]
O que é uma ecografia?
A ecografia é um método de diagnóstico por imagem utilizado para avaliar os tecidos moles.
Nos últimos anos, a tecnologia da ultrassonografia evoluiu e, hoje, é usada fora da especialidade da radiologia. É comum o uso da ultrassonografia em obstetrícia e cardiologia.
Farmer et al., 2013[2]
Consiste na utilização de ondas em altas frequências que são inaudíveis ao ser humano. O objetivo é produzir imagens do interior do organismo através de um transdutor ultrassonográfico que transforma a energia elétrica em energia mecânica na forma de ondas de ultrassom[3].
As ecografias podem ser abdominais, tiróideas, renais, vesicais, torácicas, pélvicas, mamárias, entre outras. Por não utilizarem radiações, é possível a sua utilização em pacientes grávidas.
A ecografia no âmbito da obstetrícia
É um exame que permite ver o feto no interior do útero da gestante. Pode ser realizada por via abdominal ou vaginal (a escolha dependerá da idade gestacional e das condições da gravidez).
Antes de realizar um aborto, é fulcral que a mulher tenha a certeza de que realmente se encontra grávida. Para este efeito, pode optar por um teste Beta-hCG de urina ou sangue (que mostra os valores da “hormona da gravidez” – a Gonadotrofina Coriónica Humana). A gestante pode também optar pela ecografia, a fim de detetar na imagem o produto da gravidez.
Se quiseres saber mais, podes aceder à seguinte secção: Níveis de hCG na gravidez.
A ecografia no aborto
Tendo em conta que o aborto químico é realizado em casa, será necessário que confirmes se este se deu de forma eficaz e completa. Para tal, o mais aconselhável será realizar uma ecografia, para ver se o útero ficou completamente esvaziado. A imagem irá aparecer de forma imediata no ecrã de visualização.
O único senão é que terás de realizar este exame mais ou menos 7 dias depois da indução do aborto; isto deve-se à possibilidade de existência de restos da gravidez. Se a ecografia for realizada antes do tempo, o diagnóstico poderá ser o de aborto incompleto (aquele onde ainda se verificam resquícios no corpo da mulher), razão para que o médico considere necessário encaminhar a paciente para uma curetagem que, à partida, será desnecessária.
Tem em conta que os restos que se mantém no útero uma semana depois do aborto não são necessariamente sinónimo de aborto incompleto. Isto apenas significa que o organismo da mulher precisa de tempo para expulsar todo o conteúdo. Desta feita, uma curetagem ou aspiração a vácuo apenas poderá ser levada a cabo se a mulher apresentar sintomas de aborto incompleto (sangramento excessivo, febre, corrimento vaginal anormal ou dor abdominal que não passa).
Se não existirem sintomas de complicação, então não precisas de realizar nenhuma aspiração ou curetagem. Tal como acontece num aborto espontâneo, o corpo poderá precisar de algumas semanas para expelir todo o conteúdo da gravidez de forma natural.
Embora as opiniões relativamente a este tema divirjam, tendo um lado que apoia a realização do exame após o aborto e outro que acredite que tal não é necessário, Aborto na Nuvem defende que é essencial que a mulher realize uma ecografia depois da indução do aborto.
Tal como já foi dito acima, existem outras formas de confirmar que já não continuas grávida, por exemplo o teste de urina e de sangue; porém, os nossos serviços aconselham a dar efetivamente preferência à ecografia, dado que os dois primeiros exames exigem que a mulher despenda mais tempo à espera para poder efetuá-los (entre 3 a 4 semanas). Isto porque as hormonas da gravidez mantêm-se durante este período, algo que pode acusar um falso positivo relativamente à presença de uma gravidez. Um problema principalmente se já estiveres perto das 12 semanas. Para que possas esclarecer as tuas duvidas, podes carregar nos seguintes links e aprofundar estes conceitos:
Notas adicionais:
Investigações têm vindo a demonstrar que, para fazer um correto diagnóstico de aborto incompleto correto, os dados da ecografia terão de ser interpretados juntamente com os dados do exame clínico (sinais de complicação como sangramento excessivo, dores fortes que se prolongam por dias, febre e/ou corrimento vaginal anormal). Visto que já se sabe que os resultados da ecografia depois de um aborto químico são muito semelhantes aos abortos com e sem complicações[4].
A evacuação cirúrgica do útero (através da curetagem/aspiração por vácuo) em mulheres clinicamente saudáveis é desaconselhada, mesmo quando é possível ver na ecografia que ainda permanecem resquícios do aborto no útero. Na maior parte dos casos, esperar pela próxima menstruação, tal como se faz nos casos de aborto espontâneo, é o suficiente, à exceção dos casos em que a gravidez continua.
A investigação mostra que, uma semana depois de um aborto com medicamentos, cerca de 80% das mulheres que realizaram um aborto químico durante o primeiro trimestre e que não passaram por complicações, continuam com restos de tecido e de sangue no útero. Trata-se de algo normal e não deve causar preocupações.
Documentos para download:
Referências:
[1] Ultrasonido general. RadiologyInfo.org para pacientes, 2018. Disponível em: https://www.radiologyinfo.org/sp/pdf/genus.pdf
[2] Farmer J, Slonim A. Princípios básicos da ultrassonografia. Disponível em: http://srvd.grupoa.com.br/uploads/imagensExtra/legado/L/LEVITOV_Alexander_B/Ultrassonografia_Beira_Leito_Medicina_Clinica/Lib/Cap_01.pdf
[3] Fundamentos da Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia. Dr.Pixel. Campinas. 2016. Disponível em: https://www.fcm.unicamp.br/drpixel/conteudo/fundamentos-da-ultrassonografia-em-ginecologia-e-obstetricia
[4] McEwing L, Anderson N, Meates J, Allen R, Phillipson G, Wells J. Sonographic Appearances of the Endometrium After Termination of Pregnancy in Asymptomatic Versus Symptomatic Women. JUM May, 2009 28:579-586. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.7863/jum.2009.28.5.579
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