Como Abortar com Segurança?

A realização de um aborto é um assunto sério que precisa de ser muito bem ponderado. Tal como qualquer outro procedimento, este envolve riscos que aumentam exponencialmente quando é levado a cabo de forma clandestina e sem quaisquer condições.

Previamente ao aborto

Em primeiro lugar você terá de confirmar se está realmente grávida. Se o resultado for positivo, aconselhamos fazer um ultrassom para saber se a gravidez não é ectópica.

Mais informações sobre a gravidez ectópica aqui: Gravidez ectópica

Se você tiver uma gravidez ectópica, não será possível fazer o aborto com medicamentos, já que o Misoprostol (Cytotec-200mcg) atua no útero e se a gravidez estiver a ocorrer fora dele, o fármaco não fará qualquer efeito na gestação. Você terá que consultar um médico se este for o seu caso. Este tipo de condição é tratada mesmo nos países onde o aborto é restrito.

A seguir, você terá de confirmar o seu tempo de gestação. O limite máximo para realizar o aborto é de 12 semanas. Existem casos em que a mulher aborta com mais de 12 semanas, mas tal não é aconselhado.

Se porventura você tiver alguma infeção sexualmente transmissível, tenha em conta que esta tem que ser tratada antes de avançar com o processo de aborto. Se não for aplicado o tratamento adequado ou se não for tratado ainda numa fase inicial, algumas infeções do trato reprodutivo inferior poderão se espalhar para o trato reprodutivo superior, causando infeção do útero, trompas de Falópio e/ou ovários.[1]

Nesta fase pense bem naquilo que você pretende fazer. A decisão apenas pode ser sua e de mais ninguém. Não leve a cabo um procedimento destes se alguém estiver lhe obrigando ou se realmente não tem a certeza do que você quer fazer.

O método mais seguro

Este é o aspeto mais importante após a tomada de decisão de seguir em frente com um aborto: perceber a melhor maneira de preservar a sua saúde no momento da interrupção.

Existem relatos de práticas clandestinas levadas a cabo pela própria mulher, através da introdução de objetos pontiagudos no útero, de golpes na barriga ou por profissionais não qualificados que realizam o aborto em clínicas clandestinas e com condições deploráveis e até mesmo com falsos médicos que comercializam kits de aborto que não passam de golpes fraudulentos.[2]

O método mais seguro para interromper uma gravidez é através do uso do fármaco Misoprostol (Cytotec – 200mcg) – conhecido como aborto medicinal. Este medicamento consta da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em muitos países é comercializado em farmácias e em certos casos poderá ser possível adquirir o fármaco sem receita médica, porém, já noutros casos a mesma é exigida. Aconselhamos que antes de usar qualquer medicamento busque aconselhamento médico e se possível, à devida prescrição médica para o uso do medicamento.

Antes do aborto

Antes de avançar, é importante saber que, se você sofre de insuficiência hepática grave, doenças hemorrágicas, porfirias hereditárias, quadro de desidratação ou se você já sofreu um AVC, então não será possível proceder ao aborto com fármacos. Se você for alérgica às prostaglandinas, este método também é completamente desaconselhado.

Desta mesma forma, condições relacionadas com os intestinos, tal como a doença inflamatória intestinal, ou diarreia frequente derivada, por exemplo, da doença de Crohn, colite ulcerativa ou síndrome do intestino irritável também são impeditivos do uso deste fármaco.

Se você possuir um dispositivo intrauterino, este deverá ser retirado do seu corpo para que possa avançar para o aborto.

A grande vantagem do aborto medicinal é a possibilidade de proceder à terminação da gravidez na privacidade do seu lar. Porém, para que tudo corra de forma segura, aconselhamos vivamente que peça a alguém para que fique com você durante todo o processo. Desta forma, se precisar de ajuda médica, esta pessoa irá lhe ajudar mais rapidamente.

Ainda dentro deste contexto, garanta que se encontra próxima de um hospital, centro de saúde ou clínica, de preferência a menos de uma hora de distância, para o caso de eventualmente vir a precisar de atendimento médico. A proximidade a transportes públicos também poderá ser importante nestes casos.

Durante o aborto

Se você fez tudo como indicado, então está na altura de realizar o aborto. Neste dia tente estar calma e relaxada. Tudo vai correr bem.

Não ignore o período de jejum, este irá lhe ajudar a não sentir náuseas após a ingestão dos comprimidos. Use as doses como indicamos nas seguintes secções:

Como usar Cytotec?

Instruções de Uso do Cytotec

Atenção: não use o Misoprostol (Cytotec – 200mcg) juntamente com antiácidos que contenham magnésio. A junção de ambos poderá provocar diarreia. Evite também o consumo de álcool e drogas durante este procedimento.

Deverá estar à espera de sentir cólicas um pouco mais fortes do que num período menstrual normal. Poderá sentir também náuseas, vômitos ou diarreia.

Para que tudo corra dentro da normalidade, fique atenta a todos os sintomas no seu corpo. Tente ao máximo não adormecer durante o procedimento de aborto, para que possa estar atenta a tudo o que se passa e, caso sinta que precise de ajuda médica (embora seja bastante incomum), poderá tê-la de forma mais imediata.

Após o aborto

O facto de ter tido sangramento e/ou dor nem sempre significa que o aborto foi bem-sucedido ou completo. Para ter a certeza que a gravidez foi efetivamente interrompida, você terá que fazer ultrassom mais ou menos uma semana depois de ter ingerido o fármaco.

Se você não quiser fazer um ultrassom, é então possível optar pelo teste de gravidez, mas o resultado poderá não ser correto, isto é, poderá acusar um falso positivo relativamente à existência de uma gravidez. Isto se deve à existência de hormonas da gravidez que não desaparecem logo após o aborto. Se isto acontecer, repita o teste ou faça um ultrassom.

Nós aconselhamos mesmo a realização do ultrassom, porque o tempo que terá de esperar para realizar o teste de gravidez acaba por ser muito longo. Se o aborto ficou incompleto, você corre o risco de ultrapassar o limite das 12 semanas. Isto significa que se você ainda estiver grávida e já tiver mais de 12 semanas, será tarde demais para realizar um aborto medicinal.

Princípio ativo Misoprostol

Abaixo reunimos uma lista com alguns nomes de medicamentos comuns nos quais encontramos o princípio ativo Misoprostol. Existem também variações no nome devido a erros de grafia ou variações linguísticas como os nomes Citotec ou Citoteque.

Cytotec (200µg Misoprostol)

Arthrotec 50/75 (200µg Misoprostol)

Cyprostol

Misotrol (Chile)

Prostokos (25µg Misoprostol) (Brasil)

Vagiprost (25µg Misoprostol) (Egito)

Oxaprost 50/75 (200µg Misoprostol) (Argentina)

Misotac (Egito, Gana, Sudão, Tanzânia, Uganda, Zâmbia)

Mizoprostol (Nigéria)

Misive (Espanha)

Misofar (Espanha)

Isovent (Quénia, Nepal)

Kontrac (Índia, República Democrática do Congo)

Cytopan (Paquistão)

Noprostol (Indonésia)

Gustrul (Indonésia)

Asotec (Bangladesh)

Cyrux (México)

Cytil (Colômbia)

Misoprolen (Peru)

Artrotec (Venezuela, Hong Kong, Austrália)

(Além destes, temos ainda: Mibetec, Cytomis, Miclofenac, Misoclo, Misofen, Arthrofen, Misogon, Alsoben, Misel, Sintec, Gastrotec, Cystol, Gastec, Cirotec, Gistol, Misoplus, Zitotec, Prestakind, Misoprost, Cytolog, GMisoprostol, Mirolut, Gymiso, Citotec.)

No entanto, em grande parte destes países os medicamentos que têm como base o Misoprostol são altamente restritos e limitados apenas ao uso hospitalar.

Documentos para download:

Folheto Informativo – Infarmed (Portugal)

Cytotec® (Misoprostol) – G.D. Searle & Co

First trimester abortion guidelines and protocols

Referências:

[1] Lowndes CM. Doenças sexualmente transmissíveis na mulher. In: Giffin K, Costa SH, organizadores. Questões de saúde reprodutiva. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1999. p. 253-79. Disponível em: http://books.scielo.org/id/t4s9t/pdf/giffin-9788575412916-15.pdf

[2] Farfán, E. O corpo feminino como espaço público: o aborto e o estigma social no Brasil. In: Seminário Internacional Fazendo Gênero, 2006. Disponível em: http://www.fazendogenero.ufsc.br/7/artigos/E/Elizabeth_Farfan_11.pdf