Como saber se tenho uma gravidez indesejada?

De forma geral, um grande número de gestações acontece sem terem sido planeadas. Dados de 2013 apontam para 41% de gravidezes não planeadas a nível mundial[1]. Diversos motivos se prendem a este fato, nomeadamente em casos que resultam de:

• Violação;
• Relações sexuais sem proteção[2]
• Devido a fatores económicos, muitos casais poderão ter um acesso limitado ou até nulo a métodos contraceptivos.
• Nenhum anticonceptivo é 100% eficaz. Por vezes, existe falha nos mesmos e o casal só se apercebe quando já é tarde demais (Ex.: quando o preservativo rompe).
• Falha no cálculo do planeamento familiar[3]
• Uso incorreto dos métodos contraceptivos, nomeadamente da pílula e da pílula do dia seguinte (inclui-se também nesta categoria o coito interrompido[4]).

Como saber se estou grávida?

Muitos dos sintomas de uma gravidez em fase inicial assemelham-se aos sintomas de um período menstrual e podem facilmente ser confundidos ou até ignorados:

1. Cólicas e pequenos sangramentos: um dos sintomas comuns numa fase inicial da gravidez é o aparecimento de cólicas. Relativamente ao sangramento, este acontece devido à implantação do óvulo fecundado no útero.
2. Seios inchados e doridos: a gravidez caracteriza-se pelas mudanças hormonais. Um dos resultados é o inchaço dos seios.
3. Enjoos matinais: nem todas as mulheres sentem náuseas no início da gravidez, mas poderá ser um sintoma expectável.
4. Falha no período menstrual: embora não seja um indício predominante, visto que os ciclos menstruais podem ser irregulares, acaba por ser um dos mais comuns, sendo até o que mais chama a atenção da mulher.
5. Necessidade de urinar de forma frequente: não é especificamente um sintoma do início da gravidez, mas poderá ser um sinal da gestação. Isto acontece porque a bexiga é comprimida pelo útero à medida que vai aumentando para acompanhar o crescimento do bebe.
6. Tonturas e fadiga: acontece devido às mudanças com as quais o corpo tem de lidar durante a gravidez, principalmente durante o primeiro trimestre da gravidez.

Como ter a certeza?

Como você pode imaginar, tudo o que indicamos previamente são apenas os sinais que podem indicar que esteja grávida. Se tem suspeitas que está grávida, mas não quer ter filhos, o melhor será confirmar o seu estado em uma fase inicial.

Através de testes de gravidez: nesta categoria encontramos o exame de urina e exame de sangue. Ambos analisam os níveis de beta-hCG – hormônio produzido cedo na gravidez.  O teste de urina (ou teste de farmácia) pode ser feito em casa e tem uma precisão de 99%. Não obstante, este deve ser feito a partir do primeiro dia em que estava prevista a chegada da menstruação. Antes desta data, o nível de hormônios produzidos pela gravidez é muito baixo para ser detectado pelo teste de gravidez e o resultado poderá vir a ser um falso negativo[5]. A mulher pode também recorrer a um exame de sangue. Este tipo de exame é feito num laboratório e é mais preciso que o teste de farmácia e, pode detectar uma gestação aproximadamente 12 dias depois da ovulação.

É de destacar que estes testes apenas podem acusar a existência de uma gravidez, mas não indicam o tempo da gestação. Para obter esta informação, será necessário realizar uma ecografia.

É também possível fazer um cálculo razoável do tempo de gravidez através do primeiro dia do último período menstrual. Assim que a mulher descobrir qual foi exatamente o dia, apenas terá de ir contando a partir desta data até à data atual.

Documentos para download:

GLOBAL PERSPECTIVES ON UNPLANNED PREGNANCIES

Referências:

[1] 41% das gravidezes a nível mundial não são planeadas. Diário de notícias, 2013. Disponível em: https://lifestyle.sapo.pt/familia/noticias-familia/artigos/41-das-gravidezes-a-nivel-mundial-nao-sao-planeadas

[2] Surprise Pregnancy: Could It Happen to You? Webmd. Disponível em: https://www.webmd.com/sex/birth-control/features/surprise-unplanned-pregnancy#1

[3] e [4] Um terço das mulheres com mais de um filho não planeou a sua última gravidez. Público, 2012. Disponível em: https://www.publico.pt/2012/01/13/jornal/um-terco-das-mulheres-com-mais-de-um-filho-nao-planeou-a-sua-ultima-gravidez-23776641

 [5] Gnoth C., Johnson S. Strips of Hope: Accuracy of Home Pregnancy Tests and New Developments. Geburtshilfe und Frauenheilkunde. 2014;74:661–669. doi: 10.1055/s-0034-1368589. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4119102/