Se o aborto com Misoprostol (Cytotec – 200mcg) falha e a gravidez continua, o risco de vir a ter um bebé com malformação fetal aumenta. Porém, é um risco é muito reduzido (menos de 1 em 1000). Este risco é mais baixo do que aquele de vir a ter um bebé com Síndrome de Down.
O risco de ter um embrião com alguma malformação congénita após o uso do Misoprostol (Cytotec – 200mcg) é inferior ao risco de poder vir a ter um bebé com Síndrome de Down após uma gestação normal.
Para evitar o risco de ter um embrião com anomalias fetais, aconselhamos às mulheres com gravidezes contínuas (gestações que continuam depois de um aborto falhado) que optem por submeter-se a um aborto cirúrgico ou a tentarem uma segunda vez o aborto químico.
Desta forma será possível interromper a gravidez, evitando assim o risco de que se desenvolva um feto com malformações congénitas.
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Se após um aborto a mulher descobrir que a sua gravidez afinal continua, é normal que esta mude de opinião e que chegue a ponderar em dar continuidade à gestação. Como seria de esperar, o facto de ter ingerido comprimidos abortivos gera preocupação no que toca à defeitos e malformações, dado que o embrião esteve exposto à substância.
Existem casos de nascimento de crianças com deformidades após a exposição com Misoprostol, nomeadamente com a Síndrome de Moebius (SM) – que é caraterizada como um “quadro de paralisia, de origem congênita, de dois pares de nervos cranianos. Em sua manifestação clínica mais comum, o indivíduo apresenta estrabismo convergente e tem expressão facial pobre (…)”, “(…) bastante em função do acometimento de outros nervos faciais (provocando, por exemplo, disfagia, disfonia, alterações morfológicas da língua, do palato), ou da associação de Moebius a outras síndromes congênitas”.[1]
Anos depois, a conclusão de artigo de 2011 refere-se ao mesmo trabalho citado de 2001, que “a popularização do misoprostol como abortivo, em nosso meio, também pode ser responsável pelo aumento do número de casos de SM observado em anos recentes.
Wey et al.,2011 apud Corrêa et al., 2012
Esta é uma ocorrência extremamente rara. No ano 2008, ocorreram apenas 500 casos presentes em toda a literatura mundial, segundo Corrêa et al., 2012.
Porque acontecem estas deformidades?
Segundo León et al., o fator responsável pela ocorrência desta síndrome acontece porque quando o Misoprostol provoca as contrações uterinas, dá-se um fenómeno isquémico que origina uma paralisia facial e falta de movimento nos olhos, acabando por provocar também alterações nas expressões da cara.
Además se producen malformaciones craneofaciales, pie equino-varo, sindactilia, alteraciones en la articulación de los sonidos, lagrimeo, sialorrea constante, alteraciones de la masticación, epífora y queratoconjuntivitis crónica, entre otras manifestaciones.[2]
Leon et al.,2011
Neste sentido, é possível que um aborto fracassado venha a provocar deformações congénitas, caso a mãe pretenda dar continuidade à gestação. Se a mulher quiser efetivamente realizar um aborto e não continuar com a gravidez, recomendamos altamente que realize uma ecografia após a terminação da gravidez, de forma a confirmar se esta se deu de forma eficaz ou não.
Ler mais em: Ecografia depois do aborto
Destacamos que o risco de ter um bebé com malformações depois do uso do Misoprostol (Cytotec – 200mcg) continua a ser muito baixo e dificilmente mensurável[3].
Para comparar: o risco de ter uma criança com o Síndrome de Down é de 1/1.400 para uma mulher de 25 anos; com 35 anos, o risco aumenta para 1/350 e com 40 anos o risco ronda os 1/100.[4]
Documentos para download:
Referências:
[1] Corrêa M, Mastrella M. Aborto e misoprostol: usos médicos, práticas de saúde e controvérsia científica. Ciênc. saúde coletiva vol.17 no.7 Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012000700016
[2] León M, Morillo L, Acosta J. Reporte de caso clínico: síndrome de Moebius asociado al uso de misoprostol en el embarazo. Rev. Med. FCM-UCSG, vol.17 Nº1. Págs. 65-69, 2011. Disponível em: http://editorial.ucsg.edu.ec/ojs-medicina/index.php/ucsg-medicina/article/view/92/54
[3] Koren G, Schuler L. Taking drugs during pregnancy. How safe are the unsafe? Canadian Family Physician. Vol. 47, 2001. Disponível em: http://www.cfp.ca/content/cfp/47/5/951.full.pdf
[4] Prenatal Testing for Down Syndrome. University of California San Francisco. Disponível em: https://www.ucsfhealth.org/education/down_syndrome/
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