Acuretagem uterina ou dilatação e curetagem (D&C), é uma intervenção cirúrgica que permite retirar os restos do aborto. Por vezes este tratamento é necessário, nomeadamente quando existem complicações após um aborto químico ou aborto espontâneo.
A curetagem uterina é uma intervenção cirúrgica que permite retirar os restos do aborto.
Em alguns países os médicos estão habituados a recorrer ao método da curetagem por rotina, mesmo quando não existem razões médicas para tal. Não precisarás de uma curetagem nos casos que apresentamos a seguir:
- Se não tiveres sintoma como dor, febre ou hemorragia severa (NÃO PRECISA de uma curetagem);
- Se a ecografia mostrar que existem alguns vestígios no útero. (NÃO PRECISAS de uma curetagem)
- Se tiveres um ligeiro sangramento depois de 3 semanas. (NÃO PRECISAS de uma curetagem)
Depois de ter a menstruação normal não deverão permanecer quaisquer resquícios no útero.
Contudo, no caso de ter uma destas queixas:
- Febre
- Dor persistente
- Hemorragia severa
Irás precisar de uma intervenção cirúrgica chamada aspiração a vácuo.
Pergunta ao médico qual o tipo de procedimento que irá usar. Isto porque a aspiração a vácuo é melhor que a curetagem instrumental uterina (a aspiração a vácuo é menos dolorosa e possui menos riscos).
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A curetagem é o procedimento de limpeza que se realiza através da raspagem cirúrgica de cavidades. Esta é feita com o recurso a instrumentos cirúrgicos e tem como objetivo a remoção de tecido.
As curetagens mais realizadas são as do útero, nos dentes, no caso de abcessos e para a retirada de gânglios.[1]
A curetagem uterina:
No âmbito da questão do aborto, a curetagem pode ser feita em duas circunstâncias:
- Para interromper a gravidez: os médicos usam a técnica de curetagem para levar a cabo um aborto cirúrgico no primeiro trimestre da gestação.
- Depois de um aborto: quando se verifica a existência de restos da gravidez que já terminou, muitos médicos optam por proceder à remoção do tecido através da curetagem uterina.
Como é realizada:
A mulher é submetida a uma curetagem com a prévia administração de anestesia local ou geral. De seguida realiza-se um exame pélvico para saber o tamanho e a localização do útero. Será colocado um espéculo na vagina e um dilatador uterino no canal cervical e logo depois introduz-se a cureta para prosseguir com a raspagem das paredes do útero e remover os tecidos através da vagina[2].
Quando é realizada:
É um procedimento comum e pode ser feito também quando a mulher pede. Também é feita para controlar sangramentos intensos após um aborto.
No entanto, este procedimento poderá trazer consigo algumas complicações durante ou depois da cirurgia[3]:
- Perfuração do útero;
- Infeções;
- Aderências intrauterinas;
- Outras complicações raras (hemorragia, laceração do colo do útero e reações à anestesia).
Em alguns países é comum verificar-se que o procedimento de curetagem é feito de forma que pode ser considerada rotineira. No Brasil, por exemplo, a curetagem após um aborto é, segundo dados de 2005, o segundo procedimento obstétrico mais realizado nas unidades de internamento nos serviços públicos de saúde (Ministério da Saúde do Brasil, 2005).[4] No entanto, como se trata de um procedimento que acarreta certos riscos como já foi referido anteriormente, aconselhamos-te a não fazer uma curetagem nas seguintes circunstâncias:
- No caso de teres sintomas como dor, febre ou hemorragia severa;
- Se o resultado da ecografia acusar que ainda existem vestígios no útero;
- Se 3 semanas após o aborto tiveres um sangramento ligeiro.
Porém, se alguns dos teus sintomas passarem por sentir febre, dor contínua ou hemorragia, então será necessário realizares uma intervenção cirúrgica chamada aspiração a vácuo.
Se for o caso e se precisares de obter ajuda médica, então o melhor será perguntares ao médico qual o tipo de procedimento que irá usar. Aconselhamos isto porque a eficácia da aspiração a vácuo é superior à da curetagem. Segundo Fonseca et al., 1997[5], existem evidências de pesquisas realizadas que mostram que a aspiração intrauterina é mais eficaz e que os custos são mais baixos quando comparada a D&C. Um estudo publicado em 2015 mostra que a aspiração a vácuo é um método mais seguro que a curetagem[6]. Ainda, outro estudo de 2014 concluiu que a aspiração oferece uma solução mais rápida para o problema, implicando menos riscos para a mulher e uma menor permanência no hospital[7]. Não te esqueças que falamos sempre de abortos realizados no primeiro trimestre (até às 12 semanas).
A curetagem uterina é uma intervenção cirúrgica que permite retirar os restos do aborto.
Documentos para download:
Referências:
[1] Definição de curetagem. https://saude.ccm.net/faq/850-curetagem-definicao
[2] Editorial Staff and Contributors. Dilation and Curettage, 2008. Disponível em: https://www.westchesterreproductivemedicine.com/PDF/articles/DandCpdf.pdf
[3] American Society for Reproductive Medicine. Dilation and Curettage, 2008. Disponível em: http://www.rmami.com/webdocuments/patient-resources/DilationAndCurettage.pdf
[4] Atenção humanizada ao abortamento. Ministério da Saúde. Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº 4, 2005. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_abortamento.pdf
[5] Fonseca F. Uso da aspiração manual a vácuo na redução do custo e duração de internamentos poraborto incompleto em Fortaleza. CE, Brasil. Rev. Saúde Pública, 31 (5): 472-8, 1997. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26344356_Uso_da_aspiracao_manual_a_vacuo_na_reducao_do_custo_e_duracao_de_internamentos_por_aborto_incompleto_em_Fortaleza_CE_Brasil
[6] Nkwabong E et al. Int J Reprod Contracept Obstet Gynecol. Dilatation and curettage versus manual vacuum aspiration for first trimester clandestine abortions, 2015 Jun;4 (3):716-720 Disponível em: http://www.ijrcog.org/index.php/ijrcog/article/viewFile/1986/1715
[7] Ghazala I, Syed Tanveer AG. Comparison of manual vacuum aspiration and sharp curettage in the treatment of first trimester abortions. Pak Armed Forces Med J 2014; 64 (4):541-5. Disponível em: http://pafmj.org/pdfs/December-2014/Article_9.pdf
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