Posso engravidar após o aborto?
Saber se poderão engravidar após o aborto é uma dúvida comum entre as mulheres que desejam abortar.
Depois de um aborto podem se passar várias semanas até você menstruar novamente, entretanto você pode ovular na primeira ou na segunda semana depois do aborto, o que quer dizer que você pode engravidar imediatamente.
Você pode ovular na primeira ou na segunda semana depois do aborto, o que quer dizer que você pode engravidar imediatamente.
Sugerimos você começar outro método contraceptivo (pílula, adesivo, anel vaginal, injeção) no dia em que toma o Misoprostol (Cytotec – 200mcg).
Entretanto se por alguma razão o aborto medicinal não tiver funcionado e você continuar grávida, os hormônios usados na pílula anticoncepcional, adesivo, anel e injeção não são perigosos para o embrião em desenvolvimento.
Se você desejar engravidar após o aborto medicinal com Cytotec / Misoprostol pode ser melhor esperar até à próxima menstruação normal.
Em função disso aconselhamos que você use métodos contraceptivos até à próxima menstruação.
DICA
Não use Buscopan ou Ponstan para aliviar as cólicas, pois eles vão prejudicar o procedimento de aborto.
AMPLIE SEU CONHECIMENTO
É de esperar que as mulheres sintam algum receio de voltar a engravidar após a realização de um aborto induzido, principalmente se as condições que a levaram a fazer esta interrupção ainda forem desfavoráveis.
É possível voltar a engravidar após a realização de um aborto. Vejamos, o sangramento pós-aborto irá ocorrer durante mais umas 3 a 4 semanas. Para além disso, o corpo ainda precisará de aproximadamente 4-6 semanas para que a menstruação regresse normalmente, mas isto não detém o seu organismo de proceder à ovulação que acontece antes do período menstrual, mais especificamente na primeira ou na segunda semana depois da terminação da gravidez.
A woman’s ability to become pregnant returns as early as 2 weeks after an abortion or miscarriage — before her monthly bleeding begins.
Facts for Family Planning, 2012[1]
É essencial que você aceite que uma gravidez pode acontecer se não forem tomadas as devidas precauções.
The rapid return of ovulation illustrates the importance of initiating contraception at the time of induced abortion regardless of abortion method or gestational age.
Stoddard et al., 2011[2]
– Aconselhamos a não ter relações sexuais na semana que se segue ao aborto com Cytotec (Misoprostol – 200mcg) devido ao risco de infeção. Passe pelo seguinte tópico relacionado para ficar a saber mais: Relações sexuais após o aborto.
– Passado este tempo, se você decidir voltar à sua vida íntima, o melhor será optar logo pelo uso de métodos contraceptivos. Pela sua segurança, é importante se proteger se não tiver intenções de engravidar; mesmo que exista uma mudança de parceiro ou apenas uma ocorrência esporádica de relações sexuais. Reunimos aqui uma lista de métodos contraceptivos para que você tenha uma noção das opções disponíveis[3]:
Métodos físicos ou de barreira:
- Preservativo/camisinha (masculino): capa de borracha fina usada pelo homem que impede a passagem de sêmen no útero da mulher;
- Preservativo feminino: bolsa com forma de tubo que é colocada dentro da vagina para evitar a passagem de sêmen;
- Espermicida: substâncias que matam os espermatozoides. Estas têm de ser inseridas profundamente no interior da vagina antes do sexo. Algumas publicações afirmam que estes contraceptivos podem aumentar o risco de infeção do trato urinário e até do vírus do HIV[4];
- Diafragma: dispositivo de borracha que é colocado dentro da vagina e que funciona como barreira contra os espermatozoides;
Métodos intrauterinos:
- DIU: método reversível que consiste num aparelho (normalmente em forma de “T”) que é colocado dentro do útero com o objetivo impedir a implantação do óvulo fecundado Lê mais em: DIU.
Métodos hormonais:
- Pílula anticoncepcional: comprimido composto por hormonas que impossibilitam a liberação do óvulo pelo ovário, impedindo a fecundação;
- Anticonceptivos injetáveis: consiste numa injeção intramuscular que liberta de forma lenta e progressiva o progestativo no sangue. É administrado de 12 em 12 semanas[5];
- Implante contraceptivo: método subcutâneo que contém uma hormona anticonceptiva libertada lentamente. O implante é feito na parte interna do braço ou antebraço;
- Adesivo transdérmico: requer a utilização continua de um pequeno adesivo que liberta diariamente a hormona contraceptiva. É aplicado na pele e deve ser regularmente substituído a cada 7 dias;
- Anel vaginal[6]: inserido na vagina, é um anel transparente que possui estrogênio e prostagénio. Estas hormonas são libertadas diariamente através das paredes vaginais para a corrente sanguínea, impedindo que os óvulos se libertem dos ovários
Métodos de emergência:
- Pílula do dia seguinte: apenas deverá ser usado numa situação inesperada, como é o caso de uma relação sexual não planeada e/ou sem uso de contraceptivo (inclusive em casos mais sensíveis, como os de violação).
Métodos cirúrgicos:
- Laqueação das trompas: consiste na esterilização feminina realizada através do corte ou ligamento cirúrgico das tubas uterinas, que fazem o caminho dos ovários até ao útero[7].
- Vasectomia: operação que secciona o canal que conduz o esperma para a uretra. Basicamente, o esperma passa a não conter espermatozoides, não podendo, desta forma, fecundar o óvulo.
Para além destes métodos, existe também a contracepção natural. Esta não pressupõe o uso de qualquer método físico, tal como os que já foram aqui descritos. A título de exemplo temos: o coito interrompido, o método do calendário, da temperatura basal, do muco cervical, entre outros; mas nós aconselhamos sempre que a mulher opte pelos métodos referidos nos pontos anteriores, dado que os naturais exigem sempre um maior cuidado e maior responsabilidade, acrescentando ainda que são os menos eficazes.
Todos os métodos contraceptivos devem ser equacionados perante cada caso em concreto, cabendo à mulher ou ao casal a escolha do método que entendem mais ajustados às suas preferências[8].
Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 2003
Considerações adicionais:
- Cada mulher apresenta caraterísticas e patologias diferentes e, como tal, o método contraceptivo que se adapte de forma positiva a uma paciente poderá não ter o mesmo resultado noutra. O melhor será conversar com o seu médico para que este possa avaliar o seu perfil e indicar aquilo que será melhor para você;
- Converse com o seu parceiro. A decisão de não engravidar é sua, mas se você não tiver possibilidades de ir a um médico, talvez o mais adequado seja usar preservativos, devido à maior facilidade em adquiri-los e por não ser um método hormonal que tenha necessariamente de ser indicado por um médico. O contributo do seu parceiro também pode ser importante para evitar uma gravidez indesejada.
Documentos para download:
Referências:
[1] Facts for Family Planning. U.S. Agency for International Development, 2012. Disponível em: https://www.fphandbook.org/sites/default/files/familyplanning_web.pdf
[2] Controversies in Family Planning: Timing of ovulation after abortion and the conundrum of post-abortion IUD insertion. Contraception. 2011 Aug; 84(2): 119–121. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3443686/
[3] Moreira L. Métodos contraceptivos e suas características. EDUFBA, 2011, pp. 125-137. Disponível em: http://books.scielo.org/id/7z56d/pdf/moreira-9788523211578-12.pdf
[4] Planejamento familiar. Organização Mundial de Saúde, 2007. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;jsessionid=8621CCF2B9FADA56B41D16A562AC80CD?sequence=6
[5] Contraceção hormonal injetável. Associação Para o Planeamento da Família. Disponível em: http://www.apf.pt/metodos-contracetivos/contracecao-hormonal-injetavel
[6] Anel Vaginal. Associação Para o Planeamento da Família. Disponível em: http://www.apf.pt/sites/default/files/media/2015/anel.pdf
[7] Laqueadura. In: WIKIPEDIA: a enciclopédia livre, 2018. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Laqueadura
[8] Consenso sobre Contracepção. Sociedade Portuguesa de Ginecologia & Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, 2003. Disponível em: http://www.spginecologia.pt/uploads/contracepcao.pdf
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