Devo relaxar durante um aborto?
Manter a serenidade durante o procedimento de aborto é fundamental para o sucesso do mesmo.
Mulheres que se mantém em um estado de tensão / alerta acabam por dificultar muito o procedimento já que o organismo passa a estar biologicamente preparado para uma possível anormalidade.
É fundamental relaxar durante o procedimento de aborto.
É algo parecido com a descarga de adrenalina que se tem ao tomar um susto. Ela não é nada mais do que o seu corpo se preparando para um possível conflito ou luta contra alguma ameaça. O corpo se torna por alguns momentos mais forte, a coagulação do sangue mais rápida e os estímulos a dor minimizam para sua autoproteção.
Durante o aborto você deve procurar ficar relaxada e tentar fazer coisas que a deixem tranquila:
- Converse com algum amigo (a)
- Assista um filme
- Leia um livro
- Assista alguma série da Netflix
SAIBA MAIS
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- Como evitar o vômito?
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- Qual a melhor hora para fazer um aborto?
DICA
Faça um jejum de seis (06) horas antes de usar os medicamentos e de mais seis (06) horas após o uso. Dessa forma você evita o vômito.
AMPLIE SEU CONHECIMENTO
Em termos gerais, a tensão, ansiedade e fadiga fazem parte de uma vida normal e ativa, porém quando estes fatores se tornam excessivos, prolongados ou desnecessários, o nosso organismo começa a criar mecanismos para reagir em protesto.
Rodrigues, 1997 apud Filgueiras et al. 1997[1], define estresse como sendo “uma relação particular entre uma pessoa, [o] seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar”.
Ainda nesta publicação o autor fala da diferença que existe entre a boa quantidade de estresse – cujos níveis são considerados adequados para fazer com que o indivíduo se torne “produtivo e criativo nas ruas respostas adaptativas” e entre a quantidade inadequada de estresse, que leva o indivíduo a ter respostas adaptativas desajustadas. No caso do aborto, a ansiedade começa a surgir no período que antecede a realização da interrupção, fase onde a mulher descobre a gravidez, onde existe a dúvida relativamente ao futuro, as questões sociais/religiosas/econômicas que influenciam a decisão de manter ou não a gestação e a responsabilidade que a gestante sente ao avançar com a sua terminação. Estão aqui em causa fatores que podem fazer com que algumas mulheres se sintam assoberbadas antes e durante o procedimento do aborto.
Quando um indivíduo é confrontado com uma situação ameaçadora, ocorrem alterações que preparam o organismo para o ataque ou a fuga, muitas vezes sem que a pessoa se aperceba disso ou tenha tempo de raciocinar. No caso do aborto, perante a ameaça (a gravidez indesejada), a mulher avança para a luta (a interrupção da gravidez). Isto pode vir a criar uma sensação de ansiedade – inquietação relativamente a um acontecimento iminente.
O enfrentamento é definido como a estratégia ou conjunto de esforços de que o indivíduo lança mão para dominar a situação estressante.
Filgueiras et al. 1997
Uma das formas de estresse dá-se através do conflito interno, isto é, por forças motivacionais completamente diferentes. Para Lewin, 1935 e Miller, 1989 apud Santos et al., existem três tipos básicos de conflito:
- Conflito de aproximação: se dá quando o sujeito olha para dois objetivos/metas incompatíveis, isto é, se sente “atraído” por ambos da mesma maneira.
- Conflito de evitamento: acontece quando o indivíduo está numa posição em que tem de optar por uma de duas situações que lhe são desagradáveis.
- Conflito de aproximação/evitamento: surge quando o indivíduo pesa na balança as vantagens e desvantagens relativamente a um determinado comportamento em relação a um objetivo ou situação.
Em que medida estes tipos de conflito se assemelham à situação de aborto?
São diferentes os motivos que levam uma mulher a fazer um aborto. Estes três tipos de conflito se assemelham às diferentes motivações de cada gestante porque, imaginemos: é possível que a mulher até deseje ser mãe, mas também tem a noção de que a altura não é a mais conveniente devido a fatores que só a ela dizem respeito. Talvez a gravidez que não foi planeada leve a mulher a querer abortar, mas ao mesmo tempo as suas crenças religiosas/sociais/morais fazem com que ela acredite que o aborto não é solução, ficando dividida entre aquilo que para ela seriam duas situações desagradáveis; ou provavelmente existe o desejo de interromper a gravidez, mas, se a mulher residir num país com leis abortivas rigorosas, o medo de ir em frente com este processo poderá interferir na deliberação.
Sabemos que, em certos casos a decisão pode não ser fácil devido a estes conflitos internos que podem criar estados de ansiedade.
Marques et al. 2016[2] afirma que o corpo humano funciona em sintonia. Este equilíbrio é chamado homeostase. O autor acrescenta ainda que o estresse desencadeia reações fisiológicas como a aceleração dos batimentos cardíacos, tensão muscular, alteração da respiração e possibilidade de vir a ter insónias, entre outros sintomas. Para Lipp et al. 2000 apud Marques et al., (…) o estresse é um estado de tensão que desencadeia a rutura no equilíbrio interno do organismo.
Antes do aborto
Se você estiver se sentindo ansiosa devido ao estresse do aborto, pense, em primeiro lugar, que essa sensação é natural visto que você se encontra numa fase da sua vida em que tem de lutar por aquilo que você acha que é justo; não obstante, você tem de encontrar uma forma de equilibrar as suas emoções para que possa levar a cabo este processo de forma calma e ter mais hipóteses de obter bons resultados.
Uma das consequências deste impacto emocional derivado do estresse é o prejuízo a nível de concentração[3]. É essencial que você assimile a informação do processo no qual está prestes a embarcar e que preste atenção a todos os passos envolvidos.
O aborto medicinal não é uma intervenção complicada, no entanto, principalmente para quem nunca interrompeu uma gravidez, é normal que o desconhecido seja algo angustiante. É compreensível que algumas mulheres estejam mais predispostas e este tipo de reação emocional do que outras, que provavelmente encaram a situação com menos receios e assumem que é algo normal. Mantenha a calma e pense que, ao optar por realizar um aborto com Misoprostol (Cytotec – 200mcg), você está assegurando uma interrupção segura e cujas complicações ou efeitos secundários são bastante raros.
Durante o aborto
É fundamental que você se mantenha serena também no momento do aborto. Você precisa de estar bem para realizar o procedimento passo a passo como indicamos ao longo de várias secções no nosso website. Se você nunca sentiu dores durante o período menstrual regular, então é normal ficar um pouco mais nervosa ao sentir as cólicas após a ingestão do fármaco. Se você já está familiarizada com as dores na menstruação mas acha que estas são um pouco mais fortes, fique sabendo que é também algo normal. Em qualquer uma das situações, não entre em pânico nem deixe que a tensão que você tem vindo a acumular desde a descoberta da gravidez leve a melhor.
Para que você se possa manter relaxada, tente fazer algo que distraia, como por exemplo ler um livro, ouvir música, ver um filme ou uma série. Pratique exercícios de respiração e mantenha uma atitude positiva. Se for possível, tenha alguém ao lado com quem possa conversar. Apenas recomendamos que não durma durante o procedimento para que possa estar atenta àquilo que se está a passar durante o aborto e, desta forma, se algo incomum acontecer, pelo menos poderá obter ajuda médica de forma mais imediata.
Para amenizar a descarga de energia que você sentir antes e durante o aborto, é essencial que consiga relaxar durante o procedimento. Desta forma você não estará em constante estado de alerta e o processo do aborto não será prejudicado.
Documentos para download:
Referências:
[1] Filgueiras JC, Hippert MIS. A Polêmica em Torno do Conceito de Eestressee. Psicologia Ciência e Profissão. 1999, 19 (3), 40-51. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v19n3/05.pdf
[2] Marques ELL, Delfino TE. Contribuições das técnicas de respiração, relaxamento e mindfulness no manejo do eestressee ocupacional. ISSN 1646- 6977, 2016. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0965.pdf
[3] Gertsenchtein LIPS. Correlação entre ansiedade e o desempenho em atenção concentrada: um estudo psicofisiológico. Universidade Metodista do Estado de São Paulo, 2011. Disponível em: http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1301/1/LETICIA%20I_P_S%20GERTSENCHTEIN.pdf
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