Posso abortar varias vezes?
Sim, você pode abortar varias vezes sem maiores problemas. As mulheres são férteis durante cerca de 40 anos.
Algumas mulheres precisam fazer mais do que um aborto ao longo de suas vidas devido a vários fatores, por exemplo:
- Falha do método contraceptivo
- Falta de acesso a métodos contraceptivos
- Falta de informação.
Ter um aborto seguro, ou vários abortos seguros, não prejudica a saúde da mulher nem a sua capacidade de ter filhos no futuro. Você pode abortar varias vezes.
DICA
O teste de farmácia, o de sangue ou de urina só servem para indicar se o aborto foi bem sucedido cerca de quatro (04) semanas após o procedimento de aborto. O ultrassom é a forma mais rápida.
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Faz parte do senso comum saber que a vida de qualquer pessoa muda com o passar do tempo e que estas mudanças poderão influenciar a tomada de determinadas decisões. Para uma mulher não é diferente; levar a cabo uma gravidez implica ter a certeza que realmente o quer fazer e o facto de já ter interrompido uma gravidez antes não deverá ser considerado como uma restrição a um futuro aborto perante uma gravidez indesejada. Essa decisão deverá ser tomada tendo em conta os sentimentos e aquilo que se pretende para o futuro.
Ao longo da sua vida é muito provável que uma grande parte das mulheres precise de realizar mais do que um aborto; no entanto, a existência de preconceitos relativamente à realização de vários abortos é algo que poderá trazer à superfície a preocupação com a saúde futura.
Condicionantes:
A nível global, estima-se que alguns fatores como a falha no uso de métodos contraceptivos, a falta de recursos e a violência doméstica possam estar associados com a realização de mais de um aborto.
- Falha no método contraceptivo
Segundo um estudo realizado no Reino Unido[1] (estudo A) a grande maioria do universo feminino envolvido afirmou que se encontrava a usar um método contraceptivo antes da gestação mais recente e do prévio aborto. Muitas mulheres referiram que usaram vários métodos e que tentaram impedir uma possível gravidez. Considerando que isto pode ser um desafio, os autores afirmam que as mulheres devem receber apoio em vez de serem alvo de preconceito.
- Pobreza e violência doméstica
Um artigo publicado em 2015[2] no Brasil (estudo B) revela que uma pesquisa realizada com 147 mulheres relaciona a violência doméstica com a decisão de abortar. O estudo base deste artigo conclui também que, para além dos episódios de violência durante a infância e adolescência, a rejeição e o abandono foram os elementos catalisadores para que as mulheres se desvinculassem de forma precoce da sua infância, iniciando a sua vida sexual de forma desprotegida.
Se você é vítima de violência doméstica, não cale. Tente encontrar a ajuda que conseguir para que possa sair dessa situação. Caso você esteja a pensar realizar um aborto devido a uma situação que se encaixe neste perfil, então pense em você e no seu futuro e, acima de tudo, não o faça se alguém estiver lhe obrigando. A decisão tem de vir de você. Se precisar, fale com um amigo ou com alguém em quem possa confiar. Valorize o seu bem-estar enquanto mulher com direitos.
- Objetivos de vida
Para além do simples facto de não desejarem estar grávidas, o estudo A revela também que as mulheres não se sentiam preparadas; não tinham uma base familiar coesa nem habitação própria; ainda se encontravam a estudar; não tinham condições financeiras e receavam ter dificuldades para equilibrar o trabalho/compromissos financeiros com a responsabilidade de tomar conta de uma criança.
- Falta de informação
Aliado também aos motivos anteriores, temos ainda a falta de informação relativamente às consequências do sexo desprotegido e sobre diversas maneiras de evitar uma gravidez e DST.
Para além destas razões, os casos de estupro; a existência de outro (s) filho (s); casos em que o pai não quer assumir a responsabilidade ou até casos em que o conjugue da gestante não é o pai da criança também são alguns dos motivos que levam a mulher a fazer mais do que uma interrupção da gravidez.
Ambos os estudos aqui mencionados referem que é necessário ter uma abordagem diferente para este tipo de casos mais sensíveis. Excluir o preconceito e facilitar a compreensão é um grande passo para que as mulheres se sintam mais seguras das suas opções. Profissionais de saúde deverão apostar numa postura que inclua mais empatia, e mais atenção, rejeitando o estigma à volta do tema.
Enfocar o cotidiano destas mulheres que vivenciaram a violência e que provocaram o aborto mostrou-nos que é imperativo que os direitos sexuais sejam legitimados como parte essencial dos direitos humanos, para que este seja exercido de forma plena, sem medos e angústias, e principalmente sem riscos para gravidez indesejada.
Couto et al. 2015
Independentemente daquilo que possa levar você a passar novamente por este processo, esta é uma opção pessoal. Se pretender fazer mais do que um aborto, a decisão é sua e as suas razões não são menos válidas do que as de outras mulheres.
Relativamente ao estigma, tente ignorar e encare a necessidade de fazer vários abortos como uma situação normal. Você pode abortar várias vezes sem maiores problemas.
Se a sua preocupação é a sua saúde, então fique a saber que a realização de um ou de mais abortos seguros não afeta a sua saúde nem a capacidade de ter filhos no futuro. As mulheres são férteis até aproximadamente os 40 anos, existindo até casos de gravidezes tardias após essa idade.
Um estudo de 2006 aponta que na literatura mundial, a proporção de parturições nas mulheres acima de 40 anos varia de 2 a 5% (Clearly-Goldman et al, Joseph et al. 2005 apud Schupp, 2006)[3]
Aconselhamos a leitura de mais informações detalhadas na secção: Engravidar após um aborto.
Para que o seu aborto corra sem problemas e de forma segura, aconselhamos vivamente a ler com atenção as instruções de uso. Siga todos os passos e tome as devidas precauções antes do aborto tal como indicamos em várias secções do nosso website, nomeadamente em: Instruções de Uso do Cytotec. Desta forma irá proteger a sua saúde com a maior segurança.
Documentos para download:
Referências:
[1] Purcell C, Riddell J, Brown A, Cameron ST, Melville C, Flett G, Bhushan Y, McDaid L. Women’s experiences of more than one termination of pregnancy within two years:a mixed-methods study. An International Journal of Obstetrics and Gynaecology, 2017. Disponível em: https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1471-0528.14940
[2] Couto TM, Nitschke RG, Mendonça Lopes RL, Pereira Gomes N, Freire Diniz NM. Cotidiano de mulheres com história de violência doméstica e aborto provocado. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 24(1): 263-9, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00263.pdf
[3] Schupp TR. Gravidez após os 40 anos de idade: análise dos fatores prognósticos para resultados maternos e perinatais diversos. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-03052007-142303/pt-br.php
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