A decisão de fazer um aborto é uma questão altamente pessoal. Independentemente daquilo que você decidir buscar na Internet ou das dúvidas que tente tirar, é importante saber que os motivos para interromper/manter uma gravidez ou entregar uma criança para a adoção têm de vir de você e de mais ninguém.
Dito isto, compreendemos a sua necessidade de encontrar informações para saber que caminho tomar e até encorajamos essa sua atitude, mas não esqueça: você é a pessoa mais importante e o resto é apenas secundário.
Portanto, vamos diretamente ao assunto: o aborto é aceite e até defendido pelo movimento PRÓ-ESCOLHA (que poderá até ser mais conhecido pelo seu nome em inglês pro-choice), mas, por outro lado, existe também um grupo que defende a preservação de toda a vida humana e que, por essa mesma razão, se opõe à prática de aborto. Trata-se do movimento PRÓ-VIDA (pro-life, em inglês). Ambos grupos possuem argumentos direcionados especificamente ao tema do aborto que acabam por criar um conflito amplamente conhecido em grande parte dos países.
Segundo Luna, 2014, os dois grupos procuram o meio audiovisual como forma de propagação das suas mensagens[1], por esta razão existe uma grande probabilidade que você encontre informação (proveniente da Internet ou até de pessoas conhecidas) que visem impedir você de realizar um aborto através do uso de discursos religiosos, morais e políticos para tal finalidade. O movimento pró-vida defende que a mulher não deveria poder optar pela realização do aborto sob nenhuma circunstância, mesmo se a gravidez for a consequência de estupro ou se ela colocar a vida da mulher em risco.
Segundo Pedro Galvão, 2005[2], O argumento mais comum contra o aborto é, sem dúvida, aquele que apela à humanidade do feto. Uma versão deste argumento é a seguinte:
Todos os seres humanos têm o mesmo direito à vida.
Os fetos são seres humanos.
Matar deliberadamente quem tem o direito à vida é errado.
O aborto consiste em matar fetos deliberadamente.
Logo, o aborto é errado.
Normalmente, estes tipos de ideais que defendem a vida humana não se preocupam com as razões que levaram a gestante a optar por um aborto (falta de recursos, a preocupação com o futuro da mulher que é obrigada a levar uma gravidez até ao fim contra a sua vontade) ou até mesmo com o futuro da criança que irá nascer (pobreza, falta de cuidados/amor dos pais ou condições políticas desfavoráveis para trazer um ser ao mundo).
Grande parte das mulheres que não pretende levar a gravidez a termo acaba por se sentir sozinha e isolada quando tem conhecimento de este tipo de argumentos amplamente difundidos na Internet e até no mundo real. É neste momento que surge a dúvida: devo fazer um aborto?
Queremos que você saiba que é importante conhecer e respeitar aquilo que outras pessoas defendem, desde que isso não interfira com a liberdade de ninguém. Se a decisão final passa por interromper uma gravidez, então nenhum elemento exterior poderá forçar você a não seguir em frente com as suas intenções. Ao querer partilhar a sua decisão com alguém, você terá de estar preparada para ouvir conselhos que tanto poderão ir de encontro com aquilo em que você acredita, como poderão estar completamente contra a solução que você deseja. É sua a decisão de aceitar conselhos que possam lhe dar, no entanto, o que não é correto é que alguém tente impingir uma ideia de forma a que você não pense no seu bem-estar. Com isto nos referimos aos casos onde mulher se sente pressionada (e até obrigada) a levar a gestação até ao fim, assim como aos casos em que alguém a obriga a interromper a gravidez.
Já o movimento pró-escolha acredita que todo ser humano deve ter autonomia e poder de decisão sobre o seu sistema reprodutor, desde este que não interfira na autonomia dos outros. Este movimento defende que a mulher tem o direito de escolher quando quer ser mãe (e, por conseguinte, a terminação voluntária da gravidez e o uso de métodos contraceptivos).
Como você pode perceber, então, as informações à sua volta serão muito diferentes umas das outras e, por essa razão, é necessário que você se distancies delas para poder ter uma maior percepção daquilo que realmente importa para você. Aqui em Aborto na Nuvem tentamos ao máximo passar toda a informação necessária para que você perceba como funciona o aborto medicinal, assim como tentamos responder, da forma mais completa possível, às dúvidas que eventualmente poderão surgir antes, durante e após o procedimento, no entanto, considere que que nós não podemos dar a resposta às mulheres que não sabem se devem ou não proceder a um aborto.
Os nossos serviços defendem que nenhuma mulher pode ser obrigada avançar com uma gravidez se não quiser, mas, ao mesmo tempo, também não pode ser obrigada a abortar contra a sua vontade. Portanto, fica aqui o nosso conselho: faça o que você achar que é melhor para você e tente ao máximo esquecer as pressões e influências externas. Só você pode ter a última palavra em relação ao seu corpo.
Documentos para download:
Aborto. Pedro Galvão. A QUESTÃO ETICA
ABORTO E CORPORALIDADE: SOFRIMENTO E VIOLÊNCIA NAS DISPUTAS MORAIS ATRAVÉS DE IMAGENS
Perspectives on Abortion: Pro-Choice, Pro-Life, and What Lies in between
Referências:
[1] Luna N. Aborto e corporalidade: sofrimento e violência nas disputas morais através de imagens. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, p. 293-325, jul./dez. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ha/v20n42/12.pdf
[2] Galvão P. A Ética do Aborto: Perspectivas e Argumentos. Dinalivro, 2005. Disponível em: http://pedrogalvao.weebly.com/uploads/6/6/5/5/6655805/pgaborto.pdf
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