Atensão, expectativa e o cansaço mental podem fazer com que uma mulher dormite um bocado ou que chegue mesmo a adormecer durante o processo de aborto, na expectativa de que assim as horas passem mais depressa e que e que o problema causado pela gestação indesejada chegue ao fim.
Contudo, dormir durante o aborto pode prejudicar o procedimento e causar sérios riscos à saúde da paciente.
É fundamental que estejas acordada e alerta aos vários sintomas que ocorrem durante o procedimento, inclusive para identificar possíveis problemas e reagir adequadamente a eles. Entre estes problemas destacamos:
- Enjoos
- Sensação de frio
- Cólicas
- Sangramento
- Expulsão de sangue e coágulos
Apesar destes sintomas serem normais e até previstos, é necessário ter muita atenção especialmente ao sangramento, pois mesmo que comece de forma intensa, a sua intensidade deverá diminuir gradualmente. Caso isto não aconteça, existe a possibilidade (ainda que baixa) de que esteja a ocorrer uma hemorragia e, nesse caso, é fundamental estar bem acordada de forma a ser capaz de pedir auxílio médico.
Mantém-te sempre acordada durante todo o processo de aborto.
Também seria incómodo, e por conseguinte, impensável, que a mulher ficasse deitada quando o mais adequado seria que permanecesse sentada na sanita enquanto aguarda.
Por último, o procedimento de aborto caracteriza-se pelo estimulo do colo do útero através de contrações que provocam a expulsão do conteúdo intrauterino. Ao dormir, inicia-se um estado de repouso que é plenamente contrário a esse estímulo e que pode resultar no fracasso do procedimento.
Realiza o teu procedimento de aborto sempre bem-disposta, acordada e na companhia de algum amigo ou amiga para que a tua segurança esteja garantida.
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Nervos, ansiedade, expetativa…
Uma mulher que se depare com uma gravidez não planeada e indesejada, precisa muitas vezes de força extra para continuar. Podes até não sentir as consequências deste esforço físico e mental no período que antecede o aborto, mas é comum que o cansaço apareça no momento do aborto.
Em curto prazo, a resposta ao estresse pode ser benéfica, pois prepara o organismo para enfrentar situações adversas.
Dalri, 2013[1]
Nós aconselhamos que inicies o processo da forma mais calma possível e tentando esquecer ao máximo o stress. Pode parecer complicado, mas tenta abstrair-te do momento e faz os possíveis para distrair-te com algo que gostes (aconselhamos que não fiques sozinha. Lê mais em: Posso fazer um aborto sozinha?). Assim sendo, encorajamos que a paciente tente sentir-se relaxada, mas sempre consciente do processo pelo qual está a passar. Com isto queremos dizer que o melhor será não dormir durante o aborto.
Vejamos:
- O aborto químico requere duas doses de Misoprostol (Cytotec – 200mcg) que tens de tomar com quatro horas de intervalo. Imagina que decides ir deitar-te e acabas por adormecer; passam-se mais de 4 horas e apercebes-te que não tomaste a segunda dose porque adormeceste. É essencial que respeites as doses e os tempos indicados para que tudo corra dentro da normalidade.
- Imagina que, já tomadas as duas doses, optas por ir dormir um pouco porque te sentes cansada, mas durante o sono acabas por começar a sangrar mais do que devias ou que até algo mais fora do comum acontece (embora sejam ocorrências raras, é importante saber que podem efetivamente acontecer). É essencial que estejas atenta a todos os sinais que o teu corpo te dá. Se precisares de ser vista por um médico, pelo menos terás acesso a ajuda de forma mais rápida.
Portanto, a resposta que temos para esta pergunta é:
Não é possível dormir durante o aborto.
Sabemos que pode ser difícil manter-se acordada numa situação de cansaço, mas pelo menos durante o período que compreende a toma das duas doses e a expulsão do conteúdo será mais conveniente que pelo menos a maior parte do tempo seja passado na sanita.
Para saber mais sobre o que acontece após a ingestão dos comprimidos, visita as seguintes secções:
Quanto tempo dura o sangramento?
É possível ver os restos da gravidez?
Documentos para download:
Referências:
[1] Dalri R. Carga horária de trabalho dos enfermeiros de emergência e sua relação com estresse e cortisol salivar. Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-07012014-161525/pt-br.php
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