Você deve estar perto de um hospital. É absolutamente necessário estar a não mais de uma hora (60 minutos) de um local onde possa ser socorrida. Essa é uma medida de segurança e serve como precaução caso haja uma perda de sangue além do normal.
Estar próximo de um hospital é apenas uma medida de segurança. Não se preocupe.
Este é também o caso quando uma mulher tem um aborto espontâneo ou dá à luz!
Não é necessário residir numa área urbana para poder realizar o aborto medicinal. Quase todas as áreas com acesso à internet terão também, na proximidade um centro de primeiros-socorros básicos. Hospitais e centros de primeiros-socorros têm que possuir equipamento e pessoal médico mínimos. Este equipamento e perícia são os mesmos necessários para o tratamento de mulheres que possuam complicações relacionadas com um aborto espontâneo ou um parto.
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O aborto medicinal é um dos procedimentos mais seguros no âmbito da medicina. Nos países onde o aborto é permitido, este método é uma das duas opções disponíveis (juntamente com o aborto cirúrgico). Porém, tal como acontece com outros medicamentos, o Misoprostol possui efeitos secundários. A nossa preocupação é conceder a informação necessária para que você possa levar a cabo este procedimento sabendo que tem tudo à mão caso ocorra alguma complicação.
Neste sentido, aconselhamos fazer o aborto num local que se encontre próximo de algum serviço de saúde; no máximo a menos de uma hora de distância.
Quais são os efeitos secundários?
Os mais comuns são tremores, dores abdominais e diarreia – resposta natural do corpo às prostaglandinas[1]. Os efeitos secundários menos frequentes são cefaleias, cólicas abdominais, flatulência, náuseas, calafrios e febre[2].
Estes efeitos secundários podem ser graves?
Não necessariamente. Por norma estes são geralmente passageiros e não devem ser motivo de grandes preocupações. A maioria das mulheres não apresenta quaisquer efeitos secundários. Porém, estes também variam de acordo com cada tipo de organismo.
Então porque preciso de estar perto de um hospital?
É apenas uma medida de segurança que visa colocar a sua saúde em primeiro lugar. Esta questão não está apenas relacionada com a ocorrência de efeitos secundários, mas também com a ocorrência de complicações após o aborto.
Você terá de procurar ajuda médica nas seguintes situações[3]:
- Febre: a ocorrência de febre é geralmente passageira. Porém se você sentir febre que dure mais que um dia ou que tenha início após a ingestão do Misoprostol e/ou que seja alta, isto poderá sugerir a existência de uma infeção que precisa ser tratada com antibióticos.
- Sangramento intenso: é expectável que você tenha sangramentos no processo de aborto talvez até um pouco mais abundantes que durante uma menstruação normal, no entanto o que não é normal é ter sangramentos tão intensos ao ponto de encher mais de dois absorventes por hora durante o período de duas horas consecutivas. Hemorragias abundantes que ocorram após o sangramento normal do aborto ter acabado e sensação de fraqueza e tonturas como consequência desta perda de sangue também indicam que houve uma complicação do aborto que precisa ser tratada.
- Dores: sentir fortes dores abdominais que não melhoram com os analgésicos e que duram mais de 24 horas também podem ser o resultado de uma complicação do aborto.
Como pode ver, embora sejam ocorrências raras, é essencial não descartar a possibilidade de que possam acontecer. É por esta razão que estar perto de um hospital, clínica, ou serviço de primeiros socorros no geral é uma vantagem para você e para a sua saúde.
Você não precisa de viver numa área urbana para realizar o seu aborto com comprimidos; no entanto, se o seu aborto for levado a cabo num lugar que não fique próximo de um hospital, então garanta que pelo menos se encontra munida de transportes públicos que possam deixar você em um serviço de urgências em menos de uma hora. Ter o telefone à mão com os números mais importantes, como o de familiares, emergência, táxis, entre outros também é importante caso sinta que precise de ser assistida por um profissional de saúde.
O aborto medicinal interrompe a gravidez da mesma forma que um aborto espontâneo. Isto quer dizer que o equipamento, corpo médico e os procedimentos são os mesmos usados em situações de aborto involuntário.
Nos serviços de saúde, um serviço médico de segurança equipado com aspiração a vácuo deverá estar disponível se e quando for necessário[4]. A aspiração uterina a vácuo pode ser feita sem eletricidade, utilizando um aspirador a vácuo manual. Assim sendo, não é necessária eletricidade para socorrer mulheres com complicações relacionadas com o aborto. Em qualquer dos casos, os médicos devem garantir que a mulher tenha acesso a serviços de saúde em casos de emergência.
Neste tipo de casos, e em países onde as leis do aborto são mais rígidas, você não precisa de dizer que realizou um aborto com medicamentos. Basta dizer que acha que sofreu um aborto espontâneo. Os sintomas de ambos tipos de aborto são iguais e o médico não tem como saber que você fez ou que tentou fazer um aborto.
Por último, relembramos que quanto mais avançada estiver a gravidez, maiores serão os riscos envolvidos. O tempo máximo até o qual é possível fazer um aborto é de 12 semanas. Embora existam casos onde a mulher o realiza num período superior, nós não o recomendamos.
Documentos para download:
Referências:
[1] Parvez T, Abbas Z. Misoprostol use in Obstetrics Gynaecology. JK – Practitioner 2005; 12 (2): 94-97. Disponível em: http://medind.nic.in/jab/t05/i2/jabt05i2p94g.pdf
[2] Bellad MB, Goudar SS. Misoprostol: Theory and practice. A Comprehensive Textbook of Postpartum Hemorrhage: An Essential Clinical Reference for Effective Management. London: Sapiens Publishing, 275–283, 2012. Disponível em: https://www.glowm.com/pdf/PPH_2nd_edn_Chap-32.pdf
[3] Utilização do Misoprostol no cuidado pós-aborto: um conjunto de ferramentas para prestação do serviço. Ipas, 2011. Disponível em: http://bixby.berkeley.edu/wp-content/uploads/2011/03/VSI_IPAS_MPAC-Toolkit_2011_Portuguese.pdf
Safe Abortion: Technical and Policy Guidance for Health Systems. 2nd edition. Geneva: World Health Organization; 2012. 2, Clinical care for women undergoing abortion. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK138188/
[4] Medical Abortion: Expanding Access to Safe Abortion and Saving Women’s Lives. International. Medical Abortion: An International Forum on Policies, Programmes and Services, 17-20 October 2004, Johannesburg, South Africa. Medical Abortion Consortium (Retrieved July 26, 2005). Disponível em: http://www.medicalabortionconsortium.org/
The Population Council. (1998) Medical Methods of Early Abortion in Developing Countries: Consensus Statement. Contraception 58:257-59. Disponível em: https://www.contraceptionjournal.org/article/S0010-7824(98)00109-7/fulltext
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