NÃO USES ácido mefenâmico (vendido como Ponstan). NÃO USES outros antiespasmódicos (como o Buscopan).
Saber quais são os analgésicos que podem ser tomados durante o aborto é fundamental para não prejudicar este mesmo processo. O Ibuprofeno é o analgésico mais eficaz para as dores ou cólicas.
Também poderás tomar outros anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) como o Naproxeno ou o Diclofenaco, por exemplo.
Uma simples tolha com água quente pode ser o suficiente e é o meio mais indicado para aliviar quaisquer dores.
Se não tiveres Ibuprofeno, podes também usar o Paracetamol*, Tylenol (acetaminofeno) ou Aspirina (ácido acetilsalicílico), pois irão ajudar. Algumas mulheres optam por usar uma botija de água quente para aliviar as dores.
*Paracetamol (semelhante ao acetaminofeno) não é recomendado para a gestão da dor durante o aborto químico, uma vez que tem sido demonstrado ser ineficaz. (Ref. Safe abortion: Technical and policy guidance for health systems in June 2012)
Caso sintas que as cólicas são suportáveis ou que se comparam às que normalmente sentes durante o teu período menstrual, então sugerimos não usar quaisquer outros medicamentos ou analgésicos para as cólicas. .
Por favor, lê sempre a bula do analgésico que fores tomar e vê qual é a dose máxima que podes usar.
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Durante o aborto químico, um dos sintomas mais comuns é a dor abdominal. Esta acontece devido à resposta do corpo humano ao Misoprostol – as contrações uterinas. Vários estudos feitos em mulheres que realizaram um aborto químico mencionam que muitas destas pacientes sentiram dores altamente incomodativas[1].
Fica a saber que estas assemelham-se às cólicas sentidas durante um período menstrual normal. Em algumas mulheres a dor poderá intensificar-se um pouco mais, mas é possível amenizar estes incómodos que são de certa forma expectáveis no momento do aborto com Misoprostol.
É possível tomar analgésicos para o controlo das dores, no entanto, é essencial que saibas que nem todos podem ser benéficos, como explicamos a seguir:
- Podes tomar anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como Naproxeno, Diclofenaco ou Ibuprofeno (este último é o mais eficaz para acalmar as dores abdominais). Estes analgésicos não irão interferir no teu processo de aborto.
Se não tiveres Ibuprofeno, não te preocupes porque é possível usar Tylenol (ácido acetaminofeno) ou Aspirina (ácido acetilsalicílico).
Embora algumas mulheres tomem Paracetamol para este mesmo efeito, estudos controlados mostram que este não foi eficaz no alívio da dor após o aborto cirúrgico e o aborto químico[2]. Este não é, portanto, um analgésico recomendado.
O mesmo estudo referido anteriormente e publicado em 2009 afirma que as mulheres que receberam Ibuprofeno conseguiram amenizar a dor em maior escala (de 4,8 pontos) comparativamente ao grupo de mulheres que recebeu o Paracetamol (apenas 2,7 pontos).
To strengthen this conclusion, significantly more women in the group who received paracetamol asked for a second-line analgesic. Not only was ibuprofen better than paracetamol, but the degree of pain reduction itself was higher (…)
Livshits et al, 2009
- Não podes, de forma alguma, usar ácido mefenâmico (vendido como Ponstan) ou espasmódicos (como o Buscopan), já que estes interferem na ação no Misoprostol (Cytotec – 200mcg), bloqueando o efeito da contração do útero necessária para provocar o descolamento e expulsão da gravidez indesejada. Relativamente à dose, aconselhamos-te a ler a bula que acompanha os comprimidos para que possas ver qual é a quantidade máxima que podes tomar.
- Podes usar uma toalha quente na barriga. Para este efeito apenas é preciso que aqueças água (atenção: não deixes ferver. Se o fizeres, poderás provocar queimaduras na tua pele). Mergulha cuidadosamente a toalha na água e verifica se a temperatura é adequada. Por fim, coloca-a na pele e deixa que o calor acalme as cólicas.
Se tiveres uma compressa de água quente ou se preferires não usar uma toalha, também podes usá-la.
- De forma a reduzir o stress e ansiedade, o ideal será que controles a respiração e que tentes relaxar. Fica sentada na sanita e tenta ter algo que te relaxe, como um livro, um filme ou até ter alguém com quem possas ir falando durante o aborto. Os nervos fazem com que a mulher sinta as dores de forma mais intensa, por isso, se normalmente não sentes dores no teu período menstrual ou se achas que as cólicas estão a ser mais fortes do que as do teu período, tenta acalmar-te e percebe se a dor exige mesmo algum analgésico ou se o calor na zona abdominal será suficiente.
Estima-se que a dor abdominal relacionada com as cólicas esteja presente em 85% das pacientes que realizam um aborto químico [3]. É importante que tenhas conhecimento deste facto para que não seja uma surpresa para ti. É normal e significa que o medicamento está a produzir o efeito desejado, tal como acontece com um aborto espontâneo. O grau poderá variar de mulher para a mulher e, em casos mais intensos, o uso dos analgésicos que mencionamos não interfere negativamente no teu processo de aborto. Porém, aconselhamos-te a prestar atenção à intensidade da dor que sentires porque, de forma geral, estas são suportáveis, mesmo precisando de analgésicos.
Se sentires dores intoleráveis que não passam com analgésicos, então aconselhamos-te a consultar um médico, visto que essas mesmas dores podem ser o resultado de alguma complicação do aborto. Se efetivamente precisares de assistência médica e vives num país com leis contra o aborto, não precisas de mencionar que provocaste um aborto. Podes apenas dizer que pensas ter tido um aborto espontâneo, visto que os sintomas entre estes dois abortos são os mesmos e o médico não tem forma de descobrir que foi intencional.
Documentos para download:
Referências:
[1] Livshits A, Machtinger R, David L, Spira m, Moshe-Zahav, Seidman Daniel S. Ibuprofen and paracetamol for pain relief during medical abortion: a double-blind randomized controlled study. Fertility and Sterility, Volume 91, Issue 5, 1877 – 1880. Disponível em: https://www.fertstert.org/article/S0015-0282(08)00176-3/fulltext
[2] Abortamento seguro: orientação técnica e de políticas para sistemas de saúde. Organização Mundial de Saúde, 2013. Disponível em:http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/70914/9789248548437_por.pdf;jsessionid=40B55C70218B1876FD7AA7038283BBA9?sequence=7
[3] Faundes A. Uso de Misoprostol en Obstetricia y Ginecología. Federación Latinoamericana de Sociedades de Obstetricia y Ginecología. Cap. 4, 2013. Disponível em: https://www.cofatuc.org.ar/docs/sr_planif_fliar_misoprostol_uso.pdf
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