Não aconselhamos a fazer um aborto sozinha. Sugerimos enfaticamente que tomes os medicamentos na presença de alguém em quem confies. Pode ser um amigo(a), namorado ou qualquer outra pessoa que te possa ajudar caso ocorra algum problema ou se vieres a precisar de assistência médica.
Praticar o aborto químico sozinha, não o torna necessariamente perigoso.
Contudo, se decidires levar a cabo o aborto químico sozinha, isto não quer dizer que seja necessariamente perigoso.
Certifica-te que te encontras perto de um telefone ou outro meio de contactar profissionais médicos.
Considera dizer a alguém (um vizinho, familiar ou até mesmo a alguém que esteja por perto) que não te sentes bem e que vais descansar.
Podes pedir-lhes que vejam se está tudo bem contigo no dia seguinte após ter tomado o Misoprostol (Cytotec – 200mcg). Desta forma, embora não tenha de saber que fizeste um aborto químico, alguém saberá que estás a ter complicações e poderá ajudar-te.
Podes sempre dizer que estás enjoada ou que estás a sentir algum tipo de mal-estar e que vais usar um medicamento mais forte. Todas essas e muitas mais opções são válidas.
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A grande vantagem do aborto com medicamentos é a possibilidade de levar a cabo o processo de forma autónoma. Com isto referimo-nos a que não precisas de nenhuma intervenção cirúrgica nem internamento. Não obstante, o sentido de independência no que diz respeito ao aborto com fármacos não quer necessariamente dizer que tenhas de estar sozinha na altura durante o procedimento.
O nosso conselho passa por pedires a alguém que te faça companhia durante o processo de aborto. Explicamos-te aqui os motivos:
Posso fazê-la em casa?
Sim, podes. É o maior benefício deste método. Nos países onde o aborto é restringido ou proibido, esta vantagem aumenta, dado que a mulher pode aproveitar a sua privacidade sem julgamentos ou preconceitos. Se não te sentires confortável em tua casa ou se achas que não tens privacidade suficiente, podes levar os comprimidos contigo e ir para a casa de algum familiar ou amigo para que possas realizar o aborto.
Preciso de preparação prévia?
De certa forma, sim. Para o teu conforto, aconselhamos que optes por levar a cabo o processo num dia livre. Irás sentir algumas cólicas e sangramento de forma contínua e não convém que tenhas coisas programadas, visto que pode tornar-se incómodo ou até impossível de concluir as tuas tarefas.
Tenta estar próxima de transportes e/ou tem fácil acesso a um hospital, centro de saúde ou clínica.
Lê mais aqui: Devo estar perto de um hospital?
No próprio dia, certifica-te que fazes o jejum adequado como aconselhado previamente nesta secção: Tomar Cytotec em jejum.
Eis que chegamos à parte essencial desta secção. Antes de proceder à interrupção da tua gravidez, tenta pedir a alguém que esteja contigo durante este tempo. Não é algo obrigatório, mas trata-se de uma ação que visa proteger o teu conforto e bem-estar.
Porque preciso de estar acompanhada?
Em primeiro lugar, sabemos que o período que antecede a realização do aborto pode ser angustiante e stressante. Nas mulheres que nunca realizaram nenhum aborto na sua vida, esta expectativa poderá vir acompanhada por inúmeras preocupações e provavelmente de medos relativamente às consequências do fármaco no corpo. Ter alguém ao lado ajuda a “tirar um peso de cima”. Essa é a primeira razão, no entanto, para além do apoio moral, é importante que tenhas alguém ao lado que te possa ajudar no caso de que exista a hipótese de precisares de ajuda médica devido a alguma complicação que possa surgir (apesar de ser uma ocorrência rara).
Isto não quer dizer que irás sofrer alguma complicação, no entanto, tal como qualquer outro fármaco, existem efeitos secundários que devem ser considerados. Embora no caso do Misoprostol estes efeitos sejam passageiros, pouco frequentes e fácil de desaparecerem, é importante observar que isto apenas se trata de uma medida para garantir a segurança da tua saúde. Isto aplica-se também à consciencialização de que um aborto pode não acontecer de forma completa, isto é, o feto não se irá desenvolver mais, mas, em vez de o corpo expulsar o produto da gravidez, este fica retido no corpo. Neste tipo de casos, é crucial que sejas tratada por um médico porque a situação poderá agravar-se e provocar hemorragias e infeção.
Encontra aqui mais informação relativamente ao aborto incompleto: Aborto incompleto
Um estudo publicado em 2014[1] e realizado em Buenos Aires – Argentina, mostra os relatos de mulheres que realizaram uma interrupção da gravidez. Relatos que expõem os motivos, as emoções e a experiência física que marcaram este momento. Neste consta a informação de que dois terços das mulheres que realizaram um aborto fizeram-no na companhia de alguém próximo. Para estas mulheres, esta é uma vantagem que se destaca no aborto químico.
“You can do this at home, it allows you to have somebody there that you trust and can get support from.” (Lucía, 28)
Ramos et al. 2014
E se não quiser que se saiba sobre o meu aborto?
O facto de desejares manter este assunto em privado é legítimo e deve ser respeitado. Se seguires o nosso conselho de ter uma pessoa por perto, mas não queres que esta saiba que estás prestes a interromper à tua gravidez, então podes dizer a alguém fisicamente próximo de ti que não te sentes bem e que vais descansar. Podes até pedir que verifique se está tudo bem contigo no período após o aborto, dizendo que estas maldisposta e que irás tomar algum medicamento mais forte ou que vais descansar. Desta forma a pessoa poderá confirmar se está tudo bem contigo fisicamente sem ter necessariamente de saber que interrompeste a tua gravidez com medicamentos.
Caso sintas algum sangramento anormal ou algum sintoma que faça parte dos efeitos secundários, pelo menos tens a certeza de que terás alguém que te possa auxiliar. Não te esqueças que a tua saúde é o mais importante e por essa razão todas as medidas são necessárias para preservar o teu bem-estar.
Documentos para download:
Referências:
[1] Ramos S, Romero M, Aizenberg L. Women’s experiences with the use of medical abortion in a legally restricted context: the case of Argentina. Reproductive Health Matters; Supplement (43):1–12, 20414. Disponível em: http://www.ossyr.org.ar/pdf/bibliografia/407.pdf
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