Preciso de fazer uma curetagem após o aborto?

A curetagem é uma intervenção cirúrgica que permite a remoção do tecido do útero.  Este tipo de procedimento também é denominado por Dilatação e Curetagem – D&C.

Como é feita?

A curetagem (D&C) pode ser realizada numa clínica ou hospital, com recurso à anestesia.

Neste sentido, a dilatação trata da abertura do colo do útero para permitir a entrada dos instrumentos recorrendo ao uso de dilatadores[1]. De seguida é inserido um instrumento chamado cureta para raspar as paredes do útero e remover o tecido.

Em quais casos é realizada?

Em determinados países os médicos estão habituados a realizar curetagens por mera rotina, mesmo quando não existem razões médicas para tal, porém, esta só deve ser levada a cabo nas seguintes situações[2]:

• Para controlo de sangramentos intensos;
• Para identificar a causa do sangramento irregular;
• Para terminar uma gravidez;
• Para retirar o tecido remanescente de uma gravidez já terminada.

Poderá também ser feita caso a mulher a peça, se o sangramento for tão intenso/prolongado que chegue a causar anemia ou se se comprovar a existência de alguma infeção.[3]

É um procedimento seguro?

Na maioria dos casos é um procedimento seguro, porém, poderão surgir algumas complicações durante ou depois da cirurgia[4]:

• Perfuração do útero;
• Infeções;
• Aderências intrauterinas;
• Outras complicações raras (hemorragia, laceração do colo do útero e reações à anestesia).

Preciso de fazer uma curetagem depois do aborto?

Se não tiveres nenhum sintoma como dor, febre ou hemorragia severa, se a ecografia mostrar que ainda existem alguns vestígios no útero (aborto incompleto) ou se ainda estiveres a sangrar depois de terem passado 3 semanas NÃO precisas de fazer uma curetagem.

Caso existam pequenos vestígios no útero, basta esperar pela próxima menstruação. O útero muito provavelmente irá expelir os últimos vestígios. Porém, se começares a ter sinais de alguma complicação, deverás dirigir-te imediatamente ao médico.

A menstruação normal deverá regressar passadas 4 a 6 semanas depois do aborto químico. Depois de ter vindo a menstruação normal, não deverão permanecer quaisquer restos no útero. Contudo, no caso de ter febre, dor persistente ou hemorragia severa, irás precisar de uma intervenção cirúrgica chamada aspiração uterina a vácuo ou aspiração a vácuo[5].

Pergunta ao médico qual será o tipo de procedimento ao qual serás submetida, pois a aspiração por vácuo é melhor quando comparada com a curetagem instrumental (a aspiração por vácuo é menos dolorosa e tem menos riscos). Caso seja possível, não aceites a realização de uma curetagem e opta por uma aspiração a vácuo. Todos os procedimentos devem ser feitos com anestesia local ou geral.

Não precisas de fazer uma curetagem após o aborto químico, se não apresentas sintomas como febre ou sangramento.

Documentos para download:

Dilation and Curettage. EBSCO Publishing

First trimester abortion guidelines and protocols

Referências:

[1] e [2] The Ohio State University. Dilation and Curettage (D&C). Disponível em: https://patienteducation.osumc.edu/Documents/dilation-curettage.pdf

[3] Frequently asked clinical questions about medical abortion, WHO. Disponível em: http://www.who.int/reproductivehealth/publications/en/

Pauleta JR, Clode N, Graça LM. Expectant management of incomplete abortion in the first trimester. Int J Gynaecol Obstet. 2009 Mar 28.

[4] American Society for Reproductive Medicine. Dilation and Curettage, 2008. Disponível em: http://www.rmami.com/webdocuments/patient-resources/DilationAndCurettage.pdf

[5] International Planned Parenthood Federation. First trimester abortion guidelines and protocols. Disponível em: https://www.ippf.org/sites/default/files/abortion_guidelines_and_protocol_english.pdf