Uma gravidez caracteriza-se por mudanças hormonais no organismo. Estas mudanças podem ter como resultado enjoos e maior sensibilidade a determinados alimentos. O uso do Misoprostol também pode provocar enjoos.
Estes dois fatores em conjunto (as mudanças hormonais e uso do Misoprostol) podem causar vómitos durante o procedimento de aborto e, por conseguinte, a redução da sua eficácia.
Para evitar o vómito toma um medicamento anti-enjoo e faz o adequado jejum.
Existem duas formas de minimizar o risco de enjoo (especialmente nas mulheres que já têm sentido uma maior sensibilidade devido à gestação):
- Tomar algum medicamento anti-enjoo. É possível comprar medicamentos anti-enjoo diretamente numa farmácia próxima.
- Fazer o jejum de forma adequada durante todas etapas do procedimento de aborto.
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Segundo Vasconcellos et al., 2014, o vómito é a expulsão forçada do conteúdo gástrico, acompanhada pela contração do diafragma e musculatura abdominal. É geralmente precedido de náuseas e o estômago, ao contrário do que se pensa, tem apenas um papel passivo na ação do vómito[1].
Cerca de 85% das gestantes podem apresentar a prevalência de náuseas e vómitos na gestação, sendo que 25% destes dizem respeito a um quadro de enjoos matinais, enquanto que os restantes casos apresentam diversos graus da emese (ação de vomitar[2]) associado às náuseas.
Os casos mais graves de vómitos em mulheres grávidas (hiperémese gravídica) correspondem a apenas 1,1% de todos os casos de náuseas e vómitos na gravidez[3].
Os vómitos são uma ocorrência tão frequente que são muitas vezes são usados como símbolos que expressam a existência de uma gestação e é mais comum que aconteçam durante o primeiro trimestre[4]. Não existe uma razão específica para a ocorrência de vómitos, embora subsista uma teoria que menciona que as náuseas e vómitos na gravidez são provocadas pelo aumento da concentração de Gonadotrofina Coriónica Humana (ou a hormona da gravidez).
Assim, a elevação dos níveis séricos de β-hCG, que ocorre no primeiro trimestre, coincide com o aumento da prevalência de náuseas e vômitos nessa mesma época.
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2013.
Vómito e Misoprostol
Um estudo publicado em 2005[5] mostra que, em dois grupos que fizeram uso do fármaco (um através do método sublingual e o outro através do método vaginal), foi possível verificar que o efeito colateral mais frequente foram precisamente as náuseas e os vómitos. Estes efeitos constam de facto na lista de efeitos secundários que a mulher pode sofrer com o medicamento. Embora sejam comuns, cada mulher tem um organismo diferente e nem todas poderão apresentar sintomas relevantes.
Cabe realçar que a junção de uma predisposição orgânica derivada da gravidez e da ocorrência de enjoos provenientes da ingestão de Misoprostol (Cytotec – 200mcg) poderá fazer com que a mulher chegue efetivamente a vomitar durante o processo de aborto. Não obstante, é possível minimizar os riscos de vomitar o Misoprostol após ter dado início ao procedimento.
Como posso então evitar o vómito?
Em primeiro lugar, terás de fazer o jejum tal como o indicamos ao longo de diversas secções no nosso site. Não existe nenhum problema em comer no processo de aborto, porém, ter o estômago cheio poderá aumentar o risco de vomitar e, por conseguinte, expulsar os comprimidos que tomaste para o aborto.
Não te esqueças que o jejum deverá ser total, isto é, de sólidos e líquidos.
Encontra mais informações aqui:
Se sentires náuseas ou enjoo, tenta não ficar nervosa e com medo de vomitar a medicação. Respira fundo e fica descansada pois é possível tomar medicamentos anti enjoo. A compra deste tipo de comprimidos não exige receita médica e, por essa razão poderás adquiri-los numa farmácia próxima. Lê a bula que acompanha o fármaco e confirma a quantidade que pode ser tomada.
Atenção: alguns medicamentos anti enjoo poderão conter lactose. Se fores intolerante, não te esqueças de perguntar ao farmacêutico se o medicamento em causa contém lactose antes de adquirir o produto, a fim de evitar efeitos adversos.
Documentos para download:
Referências:
[1] Vasconcellos MC, Duarte MA, Machado MGP. Vômitos: abordagem diagnóstica e terapêutica. Rev Med Minas Gerais 2014; 24 (Supl 10): S5-S11. Disponível em: http://www.smp.org.br/arquivos/site/sala_de_imprensa/boletim-2014/boletim_cient_smp_14-2.pdf
[2] emese in Dicionário infopédia de Termos Médicos [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2019. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/termos-medicos/emese
[3] Duarte G, Cabral ACV, Vaz JO, Moraes Filho OB. Êmese da gravidez. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2018. [Orientações e Recomendações FEBRASGO, no.2/Comissão Nacional Especializada em Assistência Pré-Natal]. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/media/k2/attachments/SeyrieZ-ZEmeseZnaZGravidezZ-ZwebZ-ZversoZfinal.pdf
[4] Como lidar com náuseas e vômitos na gestação: recomendação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 2013. Disponível em: http://itarget.com.br/newclients/febrasgo.org.br/docs/Guia%20Nauseas.pdf
[5] Moraes Filho OB, Albuquerque RM, Pacheco AJC, Ribeiro RH, Cecatti JG, Welkovic S. Misoprostol sublingual versus vaginal para indução do parto a termo. Rev Bras Ginecol Obstet. 2005; 27(1): 24-31. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/rbgo/v27n1/24288.pdf
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