Não. Fazer um aborto químico ou farmacológico não aumenta o risco de cancro de mama.
As probabilidades de que a mulher desenvolva cancro da mama em nada se relacionam a realização de um ou mais abortos. Podes ficar tranquila porque o aborto químico não provoca cancro da mama.
Um aborto químico ou farmacológico não aumenta o risco de cancro de mama.
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O cancro da mama carateriza-se pela alteração das células do tecido mamário que crescem a uma grande velocidade e que acabam por formar uma massa anormal.
Estatísticas:
Segundo o American Institute for Cancer Research, o cancro da mama é o cancro mais frequente em mulheres e o segundo mais comum no geral.[1]
Em 2018 existiram mais de 2 milhões de novos casos de cancro da mama.
Como se desenvolve?
Os seus principais responsáveis são [2]:
- Idade avançada;
- Hábitos de vida;
- Influências ambientais;
- Fatores hereditários e genéticos, incluindo historiais familiares de cancro e mutações hereditárias.
Para além destes, existem questões um pouco mais complexas que poderão ter impacto na ocorrência de um cancro da mama, nomeadamente:
- Caraterísticas reprodutivas – Para Silva e Riul (2011, apud Cantinelli et al. 2006, 33(3): 124-33) “As características reprodutivas de risco se dão porque a doença é estrogênio-dependente, e compreendem a menarca precoce (…), a menopausa tardia (…)”. Segundo as mesmas autoras, com base em dados do Instituto Nacional do Câncer, no Brasil (2002) a primeira gravidez e o facto de nunca ter dado à luz também são fatores de risco.[3]
- Contracetivos orais e terapias hormonais – o uso de contracetivos orais parece funcionar como fator de aumento do risco de cancro da mama e não como agente iniciador do mesmo, devido à existência de estrogénio. No entanto, embora muitos estudos tenham sido feitos, a verdade é que ainda existem dúvidas relativamente à esta questão.[4]
Estudos realizados:
Dado que a gravidez se carateriza por mudanças a nível hormonal, é comum que as mulheres tenham dúvidas relativamente ao aumento do risco de cancro da mama após um aborto químico. Essa hipótese foi analisada através de vários estudos [5]:
1966 – Um estudo realizado na Suécia, com mulheres com menos de 30 anos, mostrou que não existiam provas de que houvesse risco de uma mulher vir a sofrer de cancro da mama após um aborto induzido durante o primeiro trimestre.[6]
1997 – O The New England Journal of Medicine publicou os resultados de um estudo feito com 1.5 milhões de mulheres dinamarquesas. Este concluiu que não existe ligação entre o aborto e o cancro da mama. [7]
2002 – Um estudo realizado em mulheres da indústria têxtil em Shangai, concluiu, tendo como base as respostas dadas em questionários, que o risco subsequente de cancro da mama não se encontrava associado ao facto de a mulher ter tido um aborto induzido. Da mesma forma, verificou-se que também não existia aumento do risco de cancro da mama em mulheres que tiveram um aborto após já terem dado à luz.
Analisando estes dados, conclui-se que as probabilidades de que a mulher desenvolva cancro da mama em nada se relacionam a realização de um ou mais abortos. Podes ficar tranquila porque o aborto químico não provoca cancro da mama.
Documentos para download:
Referências:
[1] American Institute for Cancer Research. Breast cancer statistics. Disponível em: https://www.wcrf.org/dietandcancer/cancer-trends/breast-cancer-statistics
[2] e [3] Silva PA, Riul SS. Câncer de mama: fatores de risco e detecção precoce. Rev Bras Enferm. Brasília 2011, nov/dec; 64(6): 1016-21. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v64n6/v64n6a05.pdf
[4] França dos Santos, JI. Contracepção hormonal: evolução ao longo dos tempos. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2010. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/18588/1/Contracep%C3%A7%C3%A3o%20Hormonal%20Evolu%C3%A7%C3%A3o%20ao%20longo%20dos%20tempos.pdf
[5] Michels KB, Xue F, Colditz GA, Willett WC. 2007, Induced and spontaneous abortion and incidence of breast cancer among young women: a prospective cohort study. Archives of Internal Medicine167814–820. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/412284
[6] Lindefors Harris, Britt-Marie, et al. (1989). Risk of Cancer of the Breast after Legal Abortion during First Trimester: A Swedish Register Study. British Medical Journal, 299 (December 9), 1430–1432. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1838310/?page=1
[7] Melbye M, Wohlfahrt J, Olsen JH, Frisch M, Westergaard T, Helweg-Larsen K, AndersenPK. 1997 Induced abortion and the risk of breast cancer. New England Journal of Medicine33681. Disponível em: http://www.med.mcgill.ca/epidemiology/Hanley/temp/practicum/BrCaAbortion.pdf
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