Sim, podes abortar varias vezes sem maiores problemas. As mulheres são férteis durante aproximadamente 40 anos.
Algumas mulheres precisam fazer mais do que um aborto ao longo de suas vidas, motivadas por diversos factores como:
- Falha do método contraceptivo;
- Falta de acesso aos métodos contraceptivos;
- Falta de informação.
Ter um aborto seguro, ou vários abortos seguros, não prejudica a saúde da mulher nem a sua capacidade de ter filhos no futuro. Poderás abortar varias vezes.
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Faz parte do senso comum que a vida de qualquer pessoa muda com o passar do tempo e que estas mudanças poderão influenciá-la a tomar determinadas decisões. Para uma mulher não é diferente; levar a cabo uma gravidez implica que ter a certeza de que realmente quer fazê-lo e o facto de já ter interrompido uma gravidez anteriormente não deverá ser considerado como uma restrição a um futuro aborto perante uma gravidez indesejada. Essa decisão deverá ser tomada em tendo em conta os sentimentos e aquilo que se pretende para o futuro.
Ao longo da sua vida é muito provável que uma parte das mulheres precise de realizar mais do que um aborto, no entanto, a existência de preconceitos relativamente à existência de vários abortos é algo que poderá trazer à superfície a preocupação com a saúde futura após várias interrupções.
Condicionantes:
A nível global, estima-se que alguns fatores como a falha no uso de métodos contracetivos, a falta de recursos e a violência doméstica possam estar associados à realização de mais de um aborto.
- Falha no método contracetivo
Segundo um estudo realizado no Reino Unido[1] (estudo A) grande parte do universo feminino envolvido no mesmo afirmou que se encontrava a usar um método contracetivo antes da gestação mais recente e do prévio aborto. Muitas mulheres referiram que usaram vários métodos e que tentaram impedir uma possível gravidez. Considerando que isto pode ser um desafio, os autores afirmam que as mulheres devem receber apoio ao invés de serem alvo de preconceito.
- Pobreza e violência doméstica
Um artigo publicado em 2015[2] no Brasil (estudo B) revela que uma pesquisa realizada com 147 mulheres relaciona a violência doméstica com a decisão de abortar. O estudo base deste artigo conclui também que, para além dos episódios de violência durante a infância e adolescência, a rejeição e o abandono foram os elementos catalisadores para que as mulheres se desvinculassem de forma precoce da sua infância, iniciando a sua vida sexual de forma desprotegida.
Se és vítima de violência doméstica, não cales. Tenta encontrar a ajuda que conseguires para que possas sair dessa situação. Caso estejas a pensar realizar um aborto devido a uma situação que se encaixe neste parâmetro, pensa em ti e no teu futuro e, acima de tudo, não o faças se alguém estiver a obrigar-te. A decisão tem de vir de ti. Se precisares, fala com um amigo ou alguém em quem possas confiar. Valoriza-te e valoriza o teu bem-estar enquanto mulher com direitos.
- Objetivos de vida
Para além do simples facto de não desejarem estar grávidas, o estudo A revela também que as mulheres não se sentiam preparadas; não tinham uma base familiar coesa nem habitação própria; ainda se encontravam a estudar; não tinham condições financeiras e receavam ter dificuldades para equilibrar o trabalho/compromissos financeiros com a responsabilidade de tomar conta de uma criança.
- Falta de informação
Aliado também aos motivos anteriores, temos ainda a falta de informação relativamente às consequências do sexo desprotegido e das diversas maneiras para evitar uma gravidez e DST.
Para além destas razões, os casos de violação; aquando da existência de outro(s) filho(s); casos em que o pai não quer assumir a responsabilidade ou até casos em que o conjugue da mulher não é o pai da criança também são alguns dos motivos que levam a mulher a fazer mais do que uma IVG.
Ambos os estudos aqui mencionados mencionam que é necessário ter uma abordagem diferente para este tipo de casos mais sensíveis. Excluir o preconceito e facilitar a compreensão é um grande passo para que as mulheres se sintam mais seguras das suas opções. Profissionais de saúde deverão apostar uma postura que inclua mais empatia, e mais atenção a este tipo de casos, rejeitando o estigma à sua volta.
Enfocar o cotidiano destas mulheres que vivenciaram a violência e que provocaram o aborto mostrou-nos que é imperativo que os direitos sexuais sejam legitimados como parte essencial dos direitos humanos, para que este seja exercido de forma plena, sem medos e angústias, e principalmente sem riscos para gravidez indesejada.
Couto et al. 2015
Independentemente daquilo que te possa levar a passar novamente por este processo, trata-se de uma opção pessoal. Se pretendes fazer mais do que um aborto, a decisão é tua e as tuas razões não são menos válidas do que a de outras mulheres.
Relativamente ao estigma, tenta ignorá-lo e encara a necessidade de fazer vários abortos como uma situação normal. Podes abortar várias vezes sem maiores problemas.
Se a tua preocupação passa pelo âmbito da tua saúde, então fica a saber que a realização de um ou de múltiplos abortos seguros não afeta a tua saúde nem a tua capacidade de vir a ter filhos no futuro. As mulheres são férteis até aproximadamente os 40 anos, existindo até casos de gravidezes tardias após essa idade.
Um estudo de 2006 aponta que na literatura mundial, a proporção de parturições nas mulheres acima de 40 anos varia de 2 a 5% (Clearly-Goldman et al, Joseph et al. 2005 apud Schupp, 2006).[3]
Aconselhamos-te a obter informações mais detalhadas na secção: Posso engravidar após ter feito um aborto?
Para que o teu aborto ocorra sem problemas e de forma segura, aconselhamos-te vivamente a ler com atenção as instruções de uso. Segue todos os passos e toma as devidas precauções antes do aborto tal como indicamos em várias secções do nosso website, nomeadamente em: Instruções de uso do Cytotec. Desta forma irás proteger a tua saúde com a maior segurança.
Documentos para download:
Referências:
[1] Purcell C, Riddell J, Brown A, Cameron ST, Melville C, Flett G, Bhushan Y, McDaid L. Women’s experiences of more than one termination of pregnancy within two years:a mixed-methods study. An International Journal of Obstetrics and Gynaecology, 2017. Disponível em: https://obgyn.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1471-0528.14940
[2] Couto TM, Nitschke RG, Mendonça Lopes RL, Pereira Gomes N, Freire Diniz NM. Cotidiano de mulheres com história de violência doméstica e aborto provocado. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 24(1): 263-9, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00263.pdf
[3] Schupp TR. Gravidez após os 40 anos de idade: análise dos fatores prognósticos para resultados maternos e perinatais diversos. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-03052007-142303/pt-br.php
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