Éfundamental manter a serenidade durante o procedimento de aborto para conseguir alcançar o sucesso do mesmo.
As mulheres que se mantêm em constante estado de alerta acabam por dificultar o procedimento, já que o organismo passa a estar biologicamente preparado para uma possível anormalidade.
É fundamental relaxar durante o procedimento de aborto.
Esta sensação é algo que pode ser comparado à descarga de adrenalina que se sente quando nos assustamos. Não é nada mais do que o teu corpo a preparar-se para um possível conflito, luta ou ameaça. Por momentos, o corpo torna-se mais forte, a coagulação do sangue rápida e os estímulos a dor minimizam para tua autoproteção.
Durante o aborto deverás tentar ficar relaxada e fazer coisas que te ajudem a manter a calma:
- Fica na conversa com algum amigo(a);
- Vê um filme;
- Lê um livro;
- Vê alguma série.
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Em termos gerais, a tensão, ansiedade e fadiga fazem parte de uma vida normal e ativa, porém quando estes fatores se tornam excessivos, prolongados ou desnecessários, o nosso organismo começa a criar mecanismos para reagir em protesto.
Rodrigues, 1997 apud Filgueiras et al. 1997[1], define stress como sendo “uma relação particular entre uma pessoa, [o] seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar”.
Ainda nesta publicação o autor fala da diferença que existe entre a boa quantidade de stress – cujos níveis são considerados adequados para fazer com que o indivíduo se torne “produtivo e criativo nas ruas respostas adaptativas” e entre a quantidade inadequada de stress, que leva o indivíduo a ter respostas adaptativas desajustadas ou até a paralisá-lo. No caso do aborto, a ansiedade começa a criar-se no período que antecede a realização da interrupção, fase onde se dá o conhecimento da gravidez, a dúvida relativamente ao futuro, as questões sociais/religiosas/económicas que influenciam a decisão de manter ou não a mesma e a responsabilidade que a gestante sente ao avançar com a sua terminação. Estão aqui em causa fatores que podem levar a que algumas mulheres se sintam assoberbadas antes e durante o procedimento do aborto.
Quando um indivíduo é confrontado com uma situação ameaçadora, ocorrem alterações que preparam o organismo para o ataque ou a fuga, muitas vezes sem que este se aperceba disso ou tenha tempo de raciocinar. No caso do aborto, perante à ameaça (a gravidez indesejada), a mulher avança para a luta (a interrupção da gravidez). Isto pode vir a criar uma sensação de ansiedade – inquietação relativamente a um acontecimento iminente.
O enfrentamento é definido como a estratégia ou conjunto de esforços de que o indivíduo lança mão para dominar a situação estressante.
Filgueiras et al. 1997
Uma das formas de stress dá-se através do conflito interno, isto é, por forças motivacionais completamente diferentes. Para Lewin, 1935 e Miller, 1989 apud Santos et al., existem três tipos básicos de conflito:
- Conflito de aproximação: dá-se quando o sujeito olha para dois objetivos/metas incompatíveis, isto é, sente-se “atraído” por ambos da mesma maneira.
- Conflito de evitamento: acontece quando o indivíduo está numa posição em que tem de optar por uma de duas situações que lhe são desagradáveis.
- Conflito de aproximação/evitamento: surge quando o indivíduo pesa na balança as vantagens e desvantagens relativamente a um determinado comportamento em relação a um objetivo ou situação.
Em que medida estes tipos de conflito se assemelham à situação de aborto?
São diferentes os motivos que levam uma mulher a fazer um aborto. Estes três tipos de conflito assemelham-se às diferentes motivações de cada gestante, isto porque, imaginemos: é possível que a mulher até deseje ser mãe, mas também tem a noção de que a altura não é a mais conveniente devido a múltiplos fatores que só a ela dizem respeito. Talvez a gravidez que não foi planeada leve a mulher a querer abortar, mas ao mesmo tempo as suas crenças religiosas/sociais/morais levam-na a crer que o aborto não é solução, ficando dividida entre aquilo que para ela seriam duas situações desagradáveis. Ou provavelmente existe o desejo de interromper a gravidez, mas, se a mulher residir num país com leis abortivas rigorosas, o medo de ir em frente com este processo poderá interferir na deliberação.
Sabemos que, em certos casos a decisão pode não ser fácil devido a estes conflitos internos que podem criar estados de ansiedade.
Marques et al. 2016[2] afirma que o corpo humano funciona em sintonia. Este equilíbrio é chamado homeostase. O autor acrescenta ainda que o stress desencadeia reações fisiológicas como a aceleração dos batimentos cardíacos, tensão muscular, alteração da respiração e possibilidade de vir a ter insónias, entre outros sintomas. Para Lipp et al. 2000 apud Marques et al., (…) o estresse é um estado de tensão que desencadeia a rutura no equilíbrio interno do organismo.
Antes do aborto
Se estiveres a sentir-te ansiosa devido ao stress que surge devido a um assunto como o aborto, pensa, em primeiro lugar, que essa sensação é natural visto que te encontras numa fase da tua vida em que tens de lutar por aquilo que achas que é justo para ti enquanto mulher; não obstante, tens de encontrar uma forma de equilibrar as tuas emoções para que possas levar a cabo este processo de forma calma e, por conseguinte, ter mais hipóteses de obter bons resultados.
Uma das consequências deste impacto emocional derivado do stress é o prejuízo a nível de concentração[3]. É essencial que tenhas noção de tudo o que tens de fazer antes do aborto propriamente dito (assimilar a informação relativamente ao processo no qual estás prestes a embarcar e prestar atenção a todos os passos envolvidos).
O aborto químico não é uma intervenção complicada, no entanto, principalmente para quem nunca interrompeu uma gravidez, é normal que o desconhecido seja algo angustiante. É compreensível que algumas mulheres estejam mais predispostas e este tipo de reação emocional do que outras que provavelmente encaram a situação com menos receios e assumem que é algo normal. Mantém a calma e pensa que, ao optar por realizar um aborto com Misoprostol (Cytotec – 200mcg), estás a assegurar uma interrupção segura e cujas complicações ou efeitos secundários são bastante raros.
Durante o aborto
É fundamental que te mantenhas serena também no momento do aborto. Precisas de estar bem para realizares o procedimento passo a passo como indicamos ao longo de várias secções no nosso website. Se nunca sentiste dores no teu período menstrual regular, então é normal que te sintas um pouco mais nervosa se sentires cólicas após a ingestão do fármaco. Se já sentiste dores na menstruação e achas que estas são um pouco mais fortes, também é algo normal. Em qualquer uma das situações, não entres em pânico nem deixes que a tensão que tens vindo a acumular desde a descoberta da gravidez não planeada leve a melhor.
Para que te possas manter relaxada, tenta fazer algo que te mantenha distraída, como por exemplo ler um livro, ouvir música, ver um filme ou uma série. Pratica exercícios de respiração e mantém-te positiva. Se for possível, tem alguém ao lado com quem possas conversar. Apenas te recomendamos a não dormir para que possas estar atenta àquilo que se está a passar durante o aborto e, desta forma, se algo fora incomum acontecer, pelo menos poderás conseguir obter ajuda médica de forma mais imediata.
Para amenizar a descarga de energia que sentires antes e durante o aborto, é essencial que consigas relaxar durante um aborto. Desta forma não estarás em constante estado de alerta e o processo do aborto não será prejudicado.
Documentos para download:
Referências:
[1] Filgueiras JC, Hippert MIS. A Polêmica em Torno do Conceito de Estresse. Psicologia Ciência e Profissão. 1999, 19 (3), 40-51. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v19n3/05.pdf
[2] Marques ELL, Delfino TE. Contribuições das técnicas de respiração, relaxamento e mindfulness no manejo do estresse ocupacional. ISSN 1646- 6977, 2016. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0965.pdf
[3] Gertsenchtein LIPS. Correlação entre ansiedade e o desempenho em atenção concentrada: um estudo psicofisiológico. Universidade Metodista do Estado de São Paulo, 2011. Disponível em: http://tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1301/1/LETICIA%20I_P_S%20GERTSENCHTEIN.pdf
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